Enquanto povo sofre, Crivella promete “banho de loja” na comunidade
A polícia divulgou nesta segunda-feira (25) um relatório sobre a operação na Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Seis pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas.
No domingo passado (17), começou uma guerra pelo controle do tráfico entre integrantes da mesma facção a Amigos dos Amigos (ADA). Depois de alguns dias de intensos tiroteios na comunidade, os peemedebistas dos governos federal e estadual do Rio conseguiram entrar em acordo. 950 militares das Forças Armadas integraram os esforços para conter o crime organizado.
Policiais militares do Batalhão de Choque e do Batalhão de Ações com Cães continuam nesta segunda-feira as buscas por criminosos, armas e drogas na favela. Militares das Forças Armadas mantêm o cerco ao entorno da comunidade, com a patrulha de vias.
Desde 22 de setembro, foram apreendidos 44 fuzis, duas pistolas, oito granadas, explosivos caseiros e 2887 munições e carregadores. A operação conjunta das polícias civil e militar com as Forças Armadas prendeu 16 suspeitos e apreendeu dois adolescentes.
A resposta dos governos ao caos instaurado no Rio de Janeiro pela ausência do Estado no seio da sociedade beira o ridículo. Enquanto os policiais e demais servidores estão com seus salários atrasados, enquanto anos de administração peemedebista a frente do Rio não conseguiu fixar sua presença dentro das favelas e melhorar a qualidade de vida do povo que ali vive, a proposta agora é o “Programa Rio de Janeiro a Janeiro”, um calendário turístico anual com cerca de cem eventos nas áreas de cultura, esporte, turismo e negócios.
O anúncio do “pacotaço de eventos” foi feito com toda poupa e circunstância. Com direito a falas de bandidos do colarinho branco, como Moreira Franco e Luiz Fernando Pezão, prometendo que com o calendário, o Rio estará seguro daqui pra frente.
Enquanto os governantes (em grande parte responsáveis pela situação caótica que se encontra o estado) participam de cerimônias, a população não tem nem mesmo o direito de sair de casa garantido.
Sumido desde o início dos confrontos, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) apareceu nesta segunda-feira dizendo que é preciso aproveitar “esse momento para fazermos um banho de loja na Rocinha”, demonstrando-se bastante aliado dos governos estadual e federal em mais uma vez maquiar a situação desastrosa que os cariocas enfrentam nas favelas. Já os moradores da Rocinha aproveitaram a oportunidade para cobrar a presença dos governantes no local fora da época eleitoral. “A conclusão das obras do PAC que foram prometidas, a limpeza das ruas e tratamento de água, seriam um bom começo”, declarou uma moradora.
CARREIRA
Em agosto de 2010, comparsas de Wellington Nem foram surpreendidos pela polícia na saída de um baile funk, na troca de tiros uma mulher morreu e os bandidos invadiram um luxuoso hotel de São Conrado, na Zona Sul do Rio, fizeram 35 reféns, mas por ordem do chefe, acabaram se entregando.
No grupo estavam os dois bandidos mais próximos de Nem, Ítalo Jesus Campos, o Perninha e Rogério Avelino, o Rogério 157, segurança pessoal de Nem. Rogério 157 foi preso em flagrante no dia da invasão ao hotel, ele ficou preso de 2010 a 2012 até que foi solto por um hábeas corpus concedido pela justiça. Enquanto ele estava solto foi julgado, condenado e passou a ser considerado foragido. Como foragido ele continuou cometendo crimes. Atualmente existem 12 mandados de prisão contra ele. Todos os outros envolvidos na invasão também terminaram soltos.
Um ano depois Nem foi preso numa tentativa de fuga, estava escondido no porta-malas de um carro. Rogério 157 assumiu o controle do tráfico na Rocinha, e Nem passou a cumprir pena na penitenciária federal em Porto Velho. Rogério tinha a missão de ser o representante de Nem na favela, mas quebrou o acordo feito com o chefe.
Os seguidores de Nem arregimentaram cúmplices em outras favelas para tomar o poder na Rocinha. A polícia investiga se Rogério 157 tem apoio de outra facção, o Comando Vermelho.
Danúbia, esposa de Nem esperava herdar o poder do marido, mesmo foragida da polícia, mas acabou sendo expulsa da Rocinha por Rogério 157, que também mandou matar Perninha. Foi aí que a guerra explodiu, e no meio da disputa do crime organizado, os moradores do Rio de Janeiro.