O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, anunciou que vai reduzir mais os investimentos para poder repassar mais R$ 130 bilhões do banco para o Tesouro Nacional. O anúncio foi feito em coletiva durante evento na Argentina, na quinta-feira (26).
A antecipação dos recursos emprestados pelo Tesouro ao BNDES, e que não estão com prazos vencidos, é mais um crime contra o banco de fomento. O BNDES foi criado em 1952 pelo presidente Getúlio Vargas para implementação de políticas fundamentais para o avanço da industrialização no país. O que o governo está fazendo é esvaziar o principal instrumento criado para financiar o desenvolvimento industrial brasileiro.
Além dos R$ 148 bilhões que serão retirados este ano, em dezembro de 2016, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ex-funcionário do BankBoston e da JBS, retirou outros R$ 100 bilhões do BNDES para pagar juros aos bancos e demais rentistas. “… recursos financeiros serão utilizados exclusivamente para o pagamento da dívida pública em mercados”, disse ele, em nota. Em 2017, foram tirados mais R$ 50 bilhões. Do total de empréstimos ao BNDES feitos pela União, de cerca de R$ 500 bilhões somente uma pequena parte vence em 2018. A maior parte dos vencimentos está programada para vencer até 2045.
Como se não bastasse, em março do ano passado, o Banco Central anunciou o fim da TJLP, a taxa de juros de longo prazo para o setor produtivo. Em troca, implantou a TLP, uma taxa de juros de escorcha, nos mesmos moldes das que são praticadas pelo chamado mercado financeiro, que nada mais é do que o cartel dos bancos.
Com o país sofrendo o mais brutal processo de desindustrialização de sua história [na década de 1980, 30% da riqueza produzida no país vinha da indústria, e, agora em 2018, apenas 11% da riqueza é proveniente da indústria] e em recessão desde meados de 2014, os desembolsos do BNDES não pararam de cair desde os governos Dilma/Temer até agora (vide gráfico do BNDES).
De janeiro a março deste ano, os desembolsos do banco de fomento somaram R$ 11,15 bilhões, uma queda de 26% em relação ao mesmo trimestre de 2017. E no andar da carruagem será o quinto ano seguido de queda. Em 2017, o BNDES havia emprestado R$ 70,75 bilhões, queda anual de 20% e o menor nível em uma década.
No primeiro trimestre desta ano, a indústria teve a maior queda no volume de recursos tomados do BNDES, -44%, a Infraestrura menos 20%; a Agropecuária -19% e o Comércio e Serviços -26%.