Dados do Banco Central (BC) apontam que a proporção entre o valor das dívidas com o Sistema Financeiro Nacional e a renda efetiva acumulada em 12 meses atingiu 44,9% em novembro – 2,3 pontos acima do observado em igual período de 2018. O comprometimento mensal da renda das famílias com dívidas também avançou um ponto na comparação anual, para 20,9%. Tirando da conta o crédito habitacional, o aumento foi de 1,2 ponto, para 18,6% da renda mensal.
Com a economia paralisada, desemprego em alta e rebaixamento dos salários, as famílias brasileiras para honrar as despesas mensais (como por exemplo, luz, água, aluguel e prestação do imóvel, alimentação e medicamentos, entre outros custos essências às famílias) estão sendo obrigadas a buscarem o crédito alto dos bancos, que se aproveitam da crise econômica para cobrar juros altíssimos da população, e assim elevarem ainda mais seus ganhos.
Ainda que haja alguns analistas dizendo que o aumento do endividamento é resultado da “ampliação do crédito” e dos “juros mais baixos”, os juros do cartão de crédito se mantêm no mais alto patamar dos últimos anos, nos abusivos 300% ao ano, segundo números do Banco Central.
Dados mais recentes do IBGE demostram que 11,2 milhões de brasileiros estão desempregados e cerca de 38,8 milhões estão no trabalho informal, com a renda reprimida – vide os motoristas e entregadores de compras de aplicativos, vendedores ambulantes e demais pessoas que vivem de “bicos” para sobreviver.
Segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no último mês do ano passado, 65,6% das famílias estavam endividadas. Este resultado é o maior nível já apurado pelo levantamento da CNC, que começou em janeiro de 2010.
Em dezembro de 2019, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso, isto é inadimplentes, atingiu 24,5%, acima do patamar de 22,8% observado no mesmo período do ano anterior. O percentual de famílias que relataram não ter condições de pagar suas contas em atraso também cresceu de 9,2% para 10,0% na mesma comparação.
A sondagem da CNC aponta ainda que para 79,8% dos entrevistados a principal dívida é com o cartão de crédito. Ademais, Carnês para 15,6%, Financiamento de Carro para 9,9%, parcela do imóvel para 8,9% e cheque especial para 6,7%.