Mais de 65 mil trabalhadores, de 260 empresas metalúrgicas, incluindo a Volkswagen, Mercedes-Benz, Bosch e Porche, participaram da greve nacional com duração de 24 horas. A paralisação foi intensa em Estados como a Baviera, Brandemburgo, Renânia e Saxônia e na capital do país, Berlim. O movimento grevista teve início na noite de terça-feira (30), reivindicando aumento salarial de 8% e a redução da jornada de trabalho de 35 para 28 horas semanais, durante os dois primeiros anos de vida dos filhos ou que tenham familiares que necessitem acompanhamento.
O movimento grevista resultou da pressão dos trabalhadores contra o seu sindicato, o “IG Metall”, que há algumas semanas defendia aderir às propostas patronais que desejavam limitar o aumento dos salários em 6,8%, divididos em dois reajustes anuais, ao mesmo tempo em que receitavam a demanda por jornadas mais curtas. Dessa forma, a política defendida pelo sindicato migrou forçosamente da busca por um acordo rápido junto às empresas de forma “moderada” e sem “radicalizar o movimento”, para a construção da maior greve realizada pelo setor nos últimos 15 anos.
Tais negociações por um acordo, junto ao setor patronal, se arrastam desde o início do ano, simultaneamente a dezenas de mobilizações que reuniram mais de um milhão de trabalhadores por todo o país. Para o movimento grevista, apenas com um aumento salarial de 8% é possível compensar a inflação. “Eles estão nos fazendo uma oferta que não compensa nem mesmo a inflação dos últimos 27 meses”. Além disso, lembram que “os lucros das empresas são exorbitantes” e incompatíveis com o retorno dado aos seus trabalhadores.
Outra demanda levantada pelos trabalhadores é a luta contra as demissões, já anunciada por empresas como a Siemens, Bombardier e Thyssenkrupp, assim como o combate ao trabalho precário, a exemplo dos trabalhadores temporários. Neste último caso, os trabalhadores recebem salários menores pelo mesmo trabalho, quando não são obrigados a exceder suas jornadas regulares.
“Mudei meu regime de trabalho, de período integral para meio período, por causa dos meus filhos. Agora, não tenho a oportunidade de retomar meu trabalho em tempo integral”, afirmou Souad Benchakra, à Reuters TV, enquanto se somava a greve instalada na Geberit, uma fabricante alemã de utensílios e torneiras. Robert, um trabalhador temporário da Bombardier Transportes, em Hennigsdorf, explicou que “os temporários recebem cerca de 400 euros a menos. Isso quando não são obrigados a trabalhar períodos superiores à jornada”.
Os executivos das empresas, em resposta à greve, ameaçam entrar na justiça para que o sindicato compense suas perdas. “Nós rejeitamos esta escalada nas tensões e vamos exigir na justiça a compensação dos prejuízos pela greve”, disse Bertram Brossardt, diretor da Federação de Empresários Metalúrgicos da Bavária. A IG Metall respondeu, em seu portal que “esta rodada de negociações salariais não será resolvida por meios judiciais”, conforme declarou o presidente do sindicato IG Metall, Joerg Hofmann, acrescentando que o sindicato “não será dissuadido. Agora, mais do que nunca, realizaremos nossas greves até o fim”.
O movimento grevista anunciou que permanecerá em estado de greve até sexta-feira, a depender dos desdobramentos das negociações junto aos executivos das empresas.
O IG Metall está entre os principais sindicatos alemães e representa 3,9 milhões de trabalhadores.
GABRIEL CRUZ