Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região se reuniram nesta semana com autoridades do Ministério da Defesa e da Casa Civil em Brasília para debater a crise enfrentada pela Avibras, líder na produção de equipamentos de defesa.
A reunião foi motivada pela recente desistência de um potencial investidor em aportar recursos na empresa, o que acentuou as preocupações sobre o futuro da empresa. O encontro com representantes do governo visou buscar soluções para garantir a continuidade das operações da Avibras, que desempenha um papel estratégico na indústria de defesa nacional.
Uma das principais preocupações é a falta de pagamento de salários, que estão atrasados há 20 meses. O sindicato pediu maior intervenção do governo federal nas negociações, além de investimentos e a antecipação do pagamento de um contrato no valor de R$ 360 milhões que o Exército mantém com a Avibras.
Durante a audiência os dirigentes sindicais foram informados de que outras empresas estariam interessadas na compra da fábrica e que propostas estariam em andamento. A entidade também reivindica a liberação de recursos do BNDES para reativar a fábrica. O banco, no entanto, condicionou o financiamento à troca de controle da empresa.
O investidor brasileiro que negociava a compra da Avibras, sediada em Jacareí (SP), informou no dia 9 de dezembro que desistiu do negócio. A justificativa é que “não foram cumpridas as condições precedentes consideradas como essenciais ao fechamento do negócio dentro do prazo estabelecido em contrato”.
As negociações tiveram início em 25 de outubro, há 45 dias. Naquele momento, o interessado, anônimo, firmou um acordo com a Avibras para estudar a aquisição do controle da empresa.
Na carta, onde foi comunicada a desistência, o grupo afirmou que mantém o interesse pela compra da Avibras no futuro “caso haja avanços concretos no cumprimento das condições” que “consideram necessárias para viabilizar a aquisição da companhia”. No entanto, a Avibras está liberada para negociar com outras empresas, após o término do acordo de exclusividade, conforme anunciado pelo grupo.
A Câmara de Vereadores de São José dos Campos, em sessão ordinária nesta terça-feira (17), aprovou uma moção de apoio à luta dos trabalhadores. Por unanimidade, os vereadores aprovaram o requerimento, de autoria da colega Amélia Naomi (PT), a pedido do sindicato.
“Esta crise se arrasta há muito tempo, com sacrifício dos trabalhadores e deterioração financeira e produtiva da empresa. A Avibras é uma empresa estratégica de defesa, que produz e desenvolve produtos de base tecnológica e é importante fornecedora das forças armadas brasileiras. A crise na empresa representa uma crise para a Defesa Nacional, podendo gerar escassez de material para as forças armadas”, diz trecho do manifesto.
Os funcionários da Avibras estão em greve desde 9 de setembro de 2022. Durante esse período, o Sindicato realizou diversas manifestações, incluindo idas a Brasília, para reivindicar do governo medidas em favor dos trabalhadores. A fábrica está localizada no município de Jacareí, mas a maioria dos funcionários reside em São José dos Campos, o que justifica a decisão dos vereadores.