
Sindicatos, entidades de mulheres e de moradia realizarão, amanhã (29), dois atos do movimento de combate à carestia, que tem sido pauta principal das entidades sociais no último período.
O primeiro será em Guarulhos, às 10h, em frente ao Carrefour da Vila Rio, no Shopping Maia. E o segundo, às 16 horas, na Praça do Forró, em São Miguel, Zona Leste da capital paulista.
De acordo com Josinaldo José de Barros, o Cabeça, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, “o ato mobiliza todos os sindicatos da cidade”. “Trabalhadores, a população, todos podem se somar a esse ato. A situação já chegou ao limite. Hoje, um metalúrgico que ganha R$ 2000 e paga aluguel está passando necessidade. Imagina quem está desempregado, quem ganha um salário mínimo. Tudo aumentou, a comida, a gasolina, o gás. E vamos fazer essa denúncia”, afirma, Cabeça.
“Vamos mostrar como o governo está arrochando o povo com a recessão e arrocho salarial. A renda do trabalhador não aumenta nem 20% da inflação. Enquanto isso, sobe o preço das carnes, da cenoura, da luz”, completou.
MULHERES MOBILIZADAS
Karina Sampaio, diretora da Confederação de Mulheres do Brasil (CMB), destaca a importância do movimento de mulheres, especialmente, por serem, na maioria das vezes, as chefes de família e responsáveis pela gestão dos lares. “São os movimentos mais mobilizados no combate à carestia atual. A alta descontrolada dos preços atinge a todos, mas atinge especialmente as mulheres de baixa renda, pois elas são as principais responsáveis em garantir a alimentação da família. E, com o tomate, cenoura, abobrinha a R$ 13, o pãozinho e leite caríssimos e o gás de cozinha impagável, tem sido impossível”, enfatiza Karina.
Diante desse desastre econômico provocado pela política do governo Bolsonaro, Antônio Pedro, o Tonhão, organizador e membro do Movimento de Defesa da Moradia (MDM), na zona sul de São Paulo, afirma que o movimento contra a carestia tem crescido. “Tem crescido pela necessidade! Pessoas, movimentos e sindicatos vêm aderindo à justa campanha pelo controle de preços, que é o que estamos exigindo. É preciso que haja o controle, o tabelamento de preços, seja o equivalente aos valores de 2020, porque o salário não acompanhou o aumento da inflação”, diz Tonhão.
INFLAÇÃO
Nesta quarta-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 1,73% em abril, após ter registrado taxa de 0,95% em março. O índice é considerado uma prévia da inflação oficial do país. Essa é a maior taxa para o mês de abril desde 1995, quando ficou em 1,95%.
“Isso fez com que a gasolina, aqui em São Paulo, chegasse a R$ 8,60 e o diesel R$ 6,60. Essa é a manchete de hoje para deixar a população mais furiosa ainda, porque quando aumenta os combustíveis, aumenta toda a cadeia produtiva, especialmente devido ao transporte em que o modal é majoritariamente rodoviário”, destacou Tonhão.
A alta da inflação tem provocado a queda do poder de compra dos trabalhadores, primeiro pelo aumento dos preços dos itens de consumo primários, segundo pela dificuldade de repor as perdas salarias nos acordos coletivos. Esses fatores têm aumentado a vulnerabilidade a que a parcela mais pobre está exposta e, por isso, é pauta central do movimento social que lutam pela garantia de condições mínimas de sobre vivência do povo.
Karina destaca, ainda, que as entidades que compõem o movimento contra a carestia têm buscado o mais amplo diálogo com o objetivo de construir unidade no movimento social pela pauta. “O movimento tem atuado de forma ampla, no sentido de trazer o máximo de entidades de Mulheres, de moradia, religiosas, sindicais e tantas outras para atuar junto. Procuramos essas entidades e convidamos para fazer parte, mesmo porque esta é uma luta que se sobrepõe a qualquer outra, pois trata da sobrevivência do nosso povo. Sem comida na mesa não é possível lutar por qualquer outra coisa”, afirma Karina.
PERDAS SALARIAIS
De acordo com o boletim “De olho nas negociações”, divulgado na última semana pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mais da metade dos acordos salariais em março (52%) não repôs as perdas provocadas pela inflação, 10,8%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). No trimestre, cerca de 40% ficaram abaixo da inflação.
“As pessoas estão passando necessidade. Mesmo empregadas estão passando fome! Isso é o que tem feito nossa ação consciente, mobilizando um conjunto de organizações da sociedade civil, dos movimentos sociais, para se colocarem em defesa dos trabalhadores e contra essa inflação acelerada”, denunciou Tonhão.
O movimento defende o tabelamento dos preços nos patamares que estavam em 2020, considerando a perda do poder de compra dos trabalhadores com salários que não acompanharam o ritmo da inflação.
“A defesa central é a retomada dos preços do início de 2020 a partir de tabelamento, o gás de cozinha, por exemplo nesse período, custava pouco mais de 69 reais, hoje já estamos pagando entre R$ 130 e R$ 150”, completa Karina.