Dia Nacional de Lutas teve assembleias, paralisação e ato no centro de São Paulo
Milhares de metalúrgicos de todo o país organizaram na última quinta-feira, 14 de setembro, o Dia Nacional de Luta, Protestos e Greves contra o fim dos direitos dos trabalhadores e a rerma da Previdência. Organizado pelo conjunto de entidades que compõem o movimento Brasil Metalúrgico, o dia de protestos teve como lema “Nenhum Direito a Menos!” e busca deixar claro que os trabalhadores não aceitarão os termos da nova lei trabalhista de Temer, aprovada ainda este ano, que retira uma série de direitos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
“Estão tentando acabar com as conquistas históricas da classe trabalhadora e enfraquecer o movimento sindical. Por isto, é fundamental os metalúrgicos lançarem este movimento para que outras categorias do setor industrial entrem também na luta de resistência contra o fim dos direitos e juntos possamos nos fortalecer nas campanhas salariais e nas ações do dia a dia contra os ataques e a precarização das relações de trabalho”, disse Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo/Mogi das Cruzes. O dirigente defendeu também a realização de uma paralisação nacional no dia 10 de novembro, um dia antes da entrada em vigor da lei da escravidão.
Em São Paulo a mobilização chegou a 84 fábricas na Capital, Guarulhos, Osasco, nas cidades próximas e no interior, com atrasos na entrada dos turnos, assembléias gerais e protestos pela manhã. À tarde, os dirigentes e trabalhadores da categoria foram para a região central da capital, onde se juntaram aos representantes da Força Sindical, CUT, CGTB, CSP/Conlutas, Intersindical, CSB, CTB, e UGT, além de trabalhadores eletricitários, metroviários, da alimentação e bancários que estavam concentrados na Praça Ramos de Azevedo. De lá saíram em passeata até a Superintendência Regional do Trabalho/Ministério do Trabalho, na Rua Martins Fontes.
“Foi um repúdio generalizado dos trabalhadores – sobretudo dos metalúrgicos – às reformas e aos retrocessos do governo Temer”, afirmou Marcelino da Rocha, presidente da FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil).
A manifestação dos metalúrgicos visa, além de repudiar os termos da “reforma” trabalhista aprovada por Temer, deixar claro que enquanto houver mobilização sindical, a categoria não vai aceitar acordos coletivos que fiquem abaixo dos padrões da CLT. A “reforma” passa a valer em novembro e permite que as férias sejam parceladas em três vezes, que haja redução da jornada com redução de salário, o aumento da jornada para até 12 horas, a diminuição do horário de almoço para 30 minutos, dentre outras maldades.
“Neste Dia Nacional de Luta, os metalúrgicos estão reforçando toda indignação e repúdio contra os ataques promovidos pelo governo Temer e Congresso Nacional, que só atendem aos interesses dos empresários. A unidade da categoria metalúrgica neste momento é fundamental para barrar os efeitos da reforma trabalhista e da lei da terceirização”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.
Na Grande Curitiba cerca de 20 mil trabalhadores protestaram durante toda a manhã e, ao todo, oito fábricas ficaram paradas para que fossem realizadas assembleias. Na Volvo, Renault, Bosch e CNH, os trabalhadores também pararam a marginal da rodovia. Para Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), o ato é para “enfrentar, não só a Reforma Trabalhista, mas também a Reforma da Previdência”. Ele ainda ressaltou que é dever da categoria “não permitir que as empresas negociem com os trabalhadores condições e benefícios inferiores aos que o Sindicato está negociando hoje e também impedir que as empresas apliquem qualquer ponto da reforma trabalhista nas negociações”.
Os metalúrgicos de Minas Gerais iniciaram os protestos já na madrugada, com uma passeata na BR 181, a Fernão Dias, que liga Minas Gerais a São Paulo. À tarde, houve nova manifestação em Betim, em frente à portaria da Brembo. No Rio de Janeiro, às 7 horas, trabalhadores se reuniram em frente à sede da Petrobras e caminharam até o outro prédio da empresa, também no centro da cidade. O ato foi liderado por três sindicatos de metalúrgicos – Rio, Angra dos Reis e Niterói. Ainda houve protestos no Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Os dirigentes do movimento Brasil Metalúrgico voltaram a se reunir nesta semana para preparar a plenária nacional da categoria, no dia 29.