O governo de López Obrador, no domingo, 10, solicitou uma reunião urgente do Conselho da Organização de Estados Americanos (OEA) diante do “golpe de estado na Bolívia” e cobrou da entidade por não ter se posicionado até aquele momento.
O ministro de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, reiterou a posição do México de condenação ao golpe, agravado com o fato de que o ex-presidente, Evo Morales, tinha apresentado propostas que iam desde uma recontagem auditada de votos até a realização de novas eleições, mas a resposta foi uma exigência de renúncia formulada por um setor do exército.
Ao que tudo indica a cobrança à OEA foi ouvida. A Secretaria Geral da entidade, encabeçada por Luis Almagro, rechaçou, na segunda-feira, 11, “qualquer saída inconstitucional” à crise na Bolívia após a renúncia do presidente Evo Morales, e instou a atuar de maneira “urgente” para garantir a realização de novas eleições.
O ministro Ebrard afirmou que é inadmissível que as forças armadas de um país peçam a renúncia de um presidente eleito pelo povo e em exercício de suas funções. Registrou que não obstante ter seu direito, Morales resolveu sair para evitar uma guerra civil. “É um golpe de Estado, não há dúvidas, porque exigiram a renúncia do presidente, algo inconstitucional no país”, sublinhou.
Reiterou que seu governo fará valer o direito de asilo que o México tem exercido em múltiplas situações históricas, e que não aceita o golpismo, como já ocorreu “sempre com experiências negativas na América Latina”.
Lembrou que o primeiro artigo da Carta da OEA é a defesa das liberdades e a democracia. Então, como pode se guardar silêncio diante do que sucedeu na Bolívia?
Sobre a relação do México com o país de Evo Morales, disse que o governo acompanhará os acontecimentos porque não se sabe como será o futuro imediato, já que não somente renunciou o presidente, como também o vice-presidente, ministros e outros altos funcionários e não existe uma previsão constitucional para o caso em que se execute esse tipo de renúncia.
Ebrard advertiu sobre os perigos de um governo que não emane da vontade pública expressa nas urnas e qualificou de grave o ocorrido na Bolívia, pois “é um retrocesso para a vida democrática do continente e, por conseguinte, estamos muito preocupados”.
A OEA acabou se posicionando e em seu comunicado da OEA expressa que “a Secretaria Geral chama à pacificação e ao respeito ao Estado de Direito” na Bolívia, e pediu urgência ao Poder Legislativo do país para “nomear novas autoridades eleitorais que garantam um novo processo eleitoral”.