O Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Conacyt) do México destinou milhões de dólares “a fundo perdido” para multinacionais dos Estados Unidos, Alemanha e Japão, entre 2009 e 2017, a pretexto de que estariam contribuindo com o desenvolvimento, revelou uma investigação do jornal La Jornada.
Apenas para a realização de “projetos de pesquisa” na área de C&T, informou a diretora-geral do Conacyt, Elena Álvarez-Buylla Roces, nos últimos seis anos foram transferidos cerca de 50 bilhões de pesos (2,63 bilhões de dólares), 30% destes destinados a grandes empresas e transnacionais. O benefício completamente irregular dado a companhias sem qualquer vínculo com o país vem sendo contestado pelo novo presidente, Andrés Manuel López Obrador, que começa a disciplinar os investimentos, defendendo o interesse nacional.
Anteriormente, somente por meio do “Programa de Estímulos à Inovação” (PEI), por exemplo, os governos neoliberais de Felipe Calderón (dezembro de 2006 a novembro de 2012) e Enrique Peña Nieto (dezembro de 2012 a novembro de 2018) destinaram 7,367 bilhões de pesos (US$ 388 milhões) a transnacionais e suas subsidiárias, contribuindo para a monopolização de setores inteiros da economia. Entre as principais beneficiadas encontram-se as estadunidenses Ford, General Motors, IBM, Intel e Monsanto, as alemãs Bayer e Volkswagen, e a japonesa Nissan.
Em um único programa, a montadora Ford recebeu mais de 11,86 milhões de pesos (US$ 625 mil), a General Motors foi subsidiada com 9,7 milhões de pesos (US$ 511 mil) e a Nissan 20,4 milhões de pesos (US$ 1,075 milhão). Maior fabricante de circuitos integrados do mundo, a Intel amealhou 202,2 milhões de pesos (US$ 10 milhões), a IBM 54,4 milhões (US$ 2,87 milhões) e a Volkswagen 168,2 milhões de pesos (US$ 8,87 milhão).
Apenas em 2009, a Monsanto foi brindada com 20,8 milhões de pesos (US$ 1,09 milhão) para um programa de melhoramento genético de milho no México e para o desenvolvimento de variedades híbridas de sorgo. Já a Bayer embolsou 21,7 milhões de pesos (US$ 1,14 milhão) para estudos sobre herbicidas e medicamentos.
Segundo a diretora do Conacyt, não foi somente por meio do PEI que as empresas foram beneficiadas, mas de outros dispositivos como bolsas de estudos e fundos.