Em meio à tensão gerada pelos terremotos acontecidos nos dias 7 e 19 de setembro, milhares de pessoas se manifestaram na Cidade do México, na terça-feira passada, para exigir respostas sobre o desaparecimento dos 43 estudantes normalistas do vilarejo de Ayotzinapa e que foram presos pela polícia no dia 26 de setembro de 2014 ao se manifestarem no município de Iguala, no estado de Guerrero, e entregues a narcotraficantes por ordem do prefeito e sua mulher que faziam um ato eleitoral. Em seguida, ao que tudo indica, foram chacinados, tendo seus corpos calcinados, envolvidos em sacos e jogados num rio.
No final da marcha, os familiares dos estudantes agredidos realizaram um ato no chamado “antimonumento” dos 43, escultura feita na Avenida Paseo de la Reforma, donde sublinharam que não vão deixar de lutar até chegar à verdade sobre o que aconteceu com os seus filhos.
Os pais dos 43 normalistas desaparecidos há três anos destacaram a importância do apoio da sociedade civil para continuar sua luta, e chamaram todos a se solidarizarem com os danificados pelos tremores que vitimaram mais de 330 pessoas.
“Hoje fazem três anos dessa covarde agressão contra nossos jovens, três anos de luta, e não temos nada! Não conseguimos que este governo safado encontre onde estão nossos filhos”, disse Emiliano Navarrete, pai de um dos normalistas desaparecidos.
Destacou que a solidariedade com sua luta “é o que tem nos mantido de pé e firmes, e por isso vamos chegar até as últimas consequências. Peço-lhes de coração que continuem nos apoiando. Eu conheci uma grande família, que são vocês”.
Com as palavras “Não estão sós, não estão sós” por parte da multidão, Mario González – outro dos pais dos estudantes desaparecidos – afirmou que os familiares dos 43 sentem como própria a dor daqueles que perderam seres queridos no tremor de 19 de setembro passado.
“Estamos com eles. Essa dor a fazemos nossa e a sentimos nossa porque há pessoas sob os escombros e pessoas mortas, que em seu momento se mobilizaram pelos 43 normalistas, que nos acompanharam nas marchas. E independente disso, como ser indiferente a essa dor, como não nos solidarizarmos com essa gente e com a luta para que o governo assuma seu papel”, frisou.
“A contingência que enfrentamos não pode ser impeditivo para que a sociedade lembre e reitere sua exigência de verdade, justiça e reparação ante estes fatos, sobre os que, deve reiterar-se, não pode haver esquecimento nem impunidade”, apontou Luis Raúl González Pérez, presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos do México.