Andrés Manuel López Obrador foi eleito presidente do México, neste domingo. Na capital, dezenas de milhares de simpatizantes da coalizão que o apoiou, Juntos Faremos História (Morena, Partido do Trabalho, Encontro Social), comemoraram nas ruas. “As políticas que foram aplicadas nos últimos 30 anos não funcionaram. Sequer tivemos crescimento econômico. O que cresceu foi a corrupção, a entrega do nosso patrimônio, a pobreza, o crime e a violência. Por isso, vamos mandar essas políticas à lixeira da história”, afirmou López Obrador, também conhecido pelas iniciais AMLO. E perguntado sobre o desastre em que está a principal empresa do país, frisou que “não vai ser fácil, porque os da máfia do poder têm se esmerado em destruir a Petróleos Mexicanos, Pemex, mas vamos recuperar a indústria petroleira nacional”.
“Não mentir, não roubar e não trair” foi a consigna central da campanha que levou Obrador à vitória. Para demonstrar essa disposição integrou a sua campanha o ex- procurador eleitoral Santiago Nieto, no mês de maio. Santiago fora destituído pelo governo do presidente Enrique Peña Nieto no final de 2017, após revelar pressões do ex-diretor da Pemex, Emilio Lozoya, para declará-lo inocente em uma investigação dos subornos que Lozoya recebera da Odebrecht.
Aliás, o próprio candidato governista, Antonio Meade, foi peça-chave da trama que lesou a Pemex para beneficiar a Odebrecht. Ver mais detalhes em: http://horadopovo.org.br/candidato-governista-derrotado-foi-peca-chave-no-assalto-a-pemex/
Segundo a apuração preliminar, divulgada pelo Instituto Nacional Eleitoral, até o fechamento desta edição, AMLO obteve 53% dos votos e governará a segunda maior economia da América Latina pelos próximos 6 anos. Nas semanas prévias, com sua campanha crescendo e polarizando a política do mais populoso país de língua espanhola, sua vitória foi se desenhando.
Não foi preciso nem esperar pelos resultados oficiais. Poucas horas depois da divulgação das pesquisas de boca de urna, seus dois principais rivais, Ricardo Anaya do Partido de Ação Nacional – PAN, com 22,5%, e José Antonio Meade do Partido Revolucionário Institucional – PRI, com 16,4%, reconheceram a derrota e parabenizaram o vencedor.
Além do presidente, nesta eleição, chamada a maior da história do país, foram votados 128 senadores, 500 deputados, 9 governadores estaduais, incluído o prefeito da capital, 928 deputados estaduais em 27 Assembleias regionais, e milhares de cargos locais. Cerca de 90 milhões de mexicanos tiveram direito a se pronunciar em um total de 150.000 urnas eleitorais. A participação foi de 63% do eleitorado.
Claudia Sheinbaum, do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), partido de AMLO, se transformou neste domingo na primeira mulher eleita para a prefeitura da Cidade de México, segundo as pesquisas de boca de urna.
AMLO começou a fazer política no Partido Revolucionário Institucional (PRI) em 1988, integrou depois o Partido da Revolução Democrática (PRD), sendo eleito em 2000 prefeito da Cidade do México, cargo que desempenhou durante 5 anos. Em 2012, fundou o movimento Morena. Liderou a aliança com o Partido do Trabalho e com o Encontro Social e colocou abertamente a luta pela soberania e pela liberdade ante o vizinho norte-americano. “O México e seu povo não vão ser massa de manobra de nenhum governo estrangeiro”, assegurou AMLO, exigindo respeito do presidente estadunidense Donald Trump, que ameaçou colocar o exército americano na fronteira, eliminar um acordo comercial, reprimir os imigrantes e, para isso, levantar um muro entre ambos os países.
Reiteramos que os problemas sociais não se resolvem com muros nem com a militarização da fronteira, mas com desenvolvimento e bem-estar”, frisou. Trump não acusou recibo dessas afirmações e foi um dos primeiros a cumprimentar o novo presidente: “Felicitações a Andrés Manuel López Obrador por se transformar no próximo presidente do México”.
SUSANA SANTOS