
Diante das ameaças proferidas pelo governo Trump, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, reiterou a posição histórica e constitucional de seu país contra qualquer forma de intervenção externa em “nação soberana”
“Jamais seremos a favor da intervenção de um governo estrangeiro em um país soberano. E repito, não é apenas por convicção própria, mas essa deveria ser a posição de qualquer presidente mexicano, porque está consagrada na Constituição”, enfatizou durante sua conferencia de imprensa diária, na terça-feira (26).
“Você pode concordar ou não com um governo, mas nunca seremos a favor da intervenção de um governo estrangeiro em um país soberano”, frisou Sheinbaum, referindo-se à ameaça pelos EUA do envio de três destróieres Aegis com mísseis guiados que começariam a chegar às águas próximas à Venezuela na próxima quinta-feira para enfrentar o que Washington considera, sem nenhuma prova nem informação a respeito, uma ameaça representada por cartéis de drogas.
As declarações da presidente mexicana se somam às recentemente expressas por Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, e Gustavo Petro, presidente da Colômbia, que também rejeitaram qualquer tentativa de intervenção militar ou política contra o governo de Caracas.
O governo chinês também se posicionou. Embora não tenha mencionado os Estados Unidos ou o presidente Donald Trump, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que o combate às drogas é uma responsabilidade compartilhada, mas que os países devem desempenhar um papel responsável para manter a paz e a estabilidade regionais.
O PENTÁGONO AMEAÇA COM ENVIO DE NAVIOS DE GUERRA
Essa operação que seria dirigida pelo Departamento de Defesa de Washington inclui o envio de 4.000 fuzileiros navais para o sul do Caribe. Vários aviões espiões P-8, navios de guerra e pelo menos um submarino de ataque também estão mobilizados.
Os navios identificados são o USS Gravely, o USS Jason Dunham e o USS Sampson. Os militares e seus ativos operarão em espaço aéreo e águas internacionais por vários meses, disse uma autoridade à Reuters. Eles conduzirão operações de inteligência e vigilância, e o uso de ativos navais para lançar ataques direcionados não foi descartado.
AMEAÇAS SÃO ATO DE DESESPERO DOS EUA
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, na semana passada descreveu as “ameaças e difamações” de Washington como um ato de “desespero” dos Estados Unidos.
“A acusação de Washington à Venezuela por tráfico de drogas revela sua falta de credibilidade e o fracasso de suas políticas na região”, assinalou. Ameaças que “não afetam apenas a Venezuela, mas também colocam em risco a paz e a estabilidade de toda a região”.
“A verdadeira eficácia contra o crime é alcançada pelo respeito à independência dos povos”, acrescentou Gil, destacando as conquistas da Venezuela no combate ao crime organizado desde a expulsão da Agência Antidrogas dos EUA (DEA) em 2005, o que inclui “prisões bem-sucedidas, desmantelamento de redes e controle efetivo de fronteiras e costas”.
O presidente Nicolás Maduro, afirmando que seu governo está defendendo território soberano e que “ninguém tocará o solo sagrado nacional”, anunciou nesta terça-feira a mobilização de quatro milhões de membros da denominada Milícia Nacional — o quinto componente das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas — em todo o país, além da ativação de “todos os mecanismos necessários” para garantir a soberania do país.