O México assumiu a presidência da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) para o período de 2020-2021 com o compromisso de impulsionar projetos concretos para o desenvolvimento da região, sublinhou o presidente Andrés López Obrador, na quarta-feira (8).
No Palácio Nacional, sede do Executivo, Obrador recebeu ministros, vice-ministros, embaixadores e representantes de 29 países e organismos regionais, acompanhado do ministro de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, afirmando que o México “trabalhará pela cooperação para o desenvolvimento entre os povos da região”.
Com a ausência da Bolívia, país que deteve a presidência do órgão regional o ano passado até que foi consumado o golpe contra Evo Morales, e também do Brasil, Ebrard saudou a realização do encontro. “Há tempo que não nos reuníamos, era muito difícil reunir-se pela polarização política e acredito que o simples fato de reunir-nos e escutar-nos foi um grande e importante esforço”, ponderou. Destacou que a CELAC não será um foro para discutir as diferenças que há entre os países que a conformam, mas principalmente um espaço onde se posicionem as coincidências. Além da Bolívia, estiveram ausentes o Brasil – que também faltou à reunião do ano passado -, Dominica e Trinidad e Tobago.
A CELAC é o único mecanismo regional de diálogo e concertação política que concentra exclusivamente aos 33 países da região da América Latina e o Caribe. Agrupa 17% dos membros da ONU; tem uma população aproximada de 624 milhões de pessoas (8,6% da população mundial); ocupa 15% do território do planeta e gera 7,1% do PIB mundial.
Na reunião, o México apresentou um plano com catorze projetos de desenvolvimento. “São 14 projetos para corresponder à confiança que se depositou em nosso país para encabeçar o organismo em 2020, projetos relacionados com ciência, tecnologia, prevenção de desastres e combate à corrupção, entre outros”, disse Ebrard, em declaração a meios de comunicação.
O ministro detalhou as propostas sublinhando que “o desenvolvimento nacional dos países depende de uma política soberana e independente no tratamento das questões que atingem nossos povos”, e enumerou em primeiro lugar a “cooperação aeroespacial e aeronáutica”, que busca vincular as agencias aeroespaciais dos países membros e realizar um encontro aeroespacial com sede no México.
O segundo projeto é a “cooperação internacional para a gestão integral de riscos por desastres”.
Sobre ciência e tecnologia para as sociedades é o terceiro, e fazer o “primeiro encontro CELAC de inovação”.
O quarto consiste em organizar um primeiro encontro de reitores “das principais universidades da região” para debater os problemas comuns da educação e pesquisa.
O quinto projeto enfoca compras consolidadas em comum entre os Estados membros “para obter condições mais favoráveis de qualidade, preço e financiamento”.
A monitoração sobre a “resistência antimicrobiana” é o sexto projeto.
O sétimo consiste em “elaborar uma metodologia comum para prevenir, detectar, sancionar e combater a corrupção, porque se trata de um fenômeno global com impactos muito negativos sobre o desenvolvimento social, político e econômico dos países e seus cidadãos”.
Realizar um foro no segundo semestre de 2020 no marco da Feira de Xangai, na China, é a oitava iniciativa.
O nono projeto consiste em uma reunião da CELAC, em ocasião do debate da próxima 75ª Assembleia Geral da ONU, programada para setembro de 2020, com sócios extra-regionais.
O décimo busca concluir o processo de reflexão sobre os métodos e forma de organização da CELAC “e propor nova etapa na década que se inicia”.
O décimo primeiro, busca “reconhecer as iniciativas e projetos mais bem sucedidos para reduzir a desigualdade e a pobreza”; e o décimo segundo projeto consiste em “fortalecer a posição e unidade da região no cenário internacional naqueles temas em que existam posições comuns”.
Os últimos dois projetos são a “gestão sustentável dos recursos oceânicos”; e “promover o diálogo e a cooperação na América Latina e o Caribe para fortalecer mediante ações coordenadas, a imagem e o prestigio regional a través da diplomacia turística”.
Ebrard assinalou finalmente que o encontro mostrou a importância da integração e o trabalho conjunto dos países da região. “Há muitos desacordos, porém são mais os acordos, só que tendemos a maximizar os desacordos e há forças de fora da região que se beneficiam com isso”, concluiu.