
Michel Temer (MDB) se recusou a prestar depoimento, na sexta-feira (22), aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato. Os integrantes do grupo foram informados de manhã pela defesa que ele se reservaria ao direito de permanecer em silêncio. Por isso, ele sequer foi chamado para depor.
Temer passou a noite em uma sala na própria superintendência da Polícia Federal, no Centro do Rio de Janeiro. Após passarem a noite na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, o ex-ministro Wellington Moreira Franco (MDB) e João Batista Lima Filho, o coronel Lima, também foram levados para prestar depoimento na sede da Polícia Federal.
Segundo a procuradora Fabiana Schneider, o ex-ministro foi o único a prestar esclarecimentos e negou o pedido de pagamento de propinas. “Ele negou ter pedido propina, prestou esclarecimentos e deu a sua versão dos fatos. Chegou a reconhecer que Temer disse que Lima cuidava da Argeplan em mais de uma ocasião”, relatou a procuradora.
Lima, amigo de longa data de Temer, também permaneceu em silêncio.
Schneider informou que uma denúncia formal contra o ex-presidente será apresentada pela procuradoria à Justiça na próxima semana, pelos crimes de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro. A procuradora afirmou que Temer será denunciado como chefe de uma organização criminosa que atuou em contratos fraudulentos das obras da usina de Angra 3.
“Trata-se de uma organização atuante há 40 anos. Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, houve a tentativa de esconder aparelhos celulares e notebooks. Isto resume bem o porquê de não podermos ter essas pessoas soltas”, disse.
As defesas de Temer e Moreira Franco apresentaram pedido de liberdade ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). O desembargador Antonio Ivan Athié, da 1ª Turma Especializada da corte, marcou o julgamento dos pedidos para a próxima quarta (27) e solicitou que o juiz Marcelo Bretas, que decretou a prisão de ambos, se manifeste sobre os habeas corpus.