Para mais da metade dos donos de micro e pequenas empresas, a principal medida do governo seria a extensão das linhas de crédito como o Pronampe, aponta pesquisa do Sebrae
A pesquisa “O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios” realizada pela FGV para o Sebrae concluiu que 57% dos empresários estão aflitos com o futuro das suas empresas, com muita dificuldade de manter os seus negócios diante do recrudescimento da pandemia da Covid-19 e de ausência de medidas de ajuda emergencial para enfrentamento da crise.
Segundo o presidente do Sebrae, Calos Melles, “nesta segunda onda, setores que não estavam sendo tão impactados estão sofrendo mais também. A pesquisa revela que nenhum segmento apresentou melhoria e que atividades que foram menos impactadas anteriormente, como o agronegócio, saúde e construção civil estão vendo a situação piorar”.
Para 66% dos entrevistados, as vendas do final do ano passado foram as piores. Quanto ao faturamento em 2020, 65% das empresas tiveram faturamento menor do que 2019.
Para ajudar a atravessar essa nova fase de graves dificuldades para as empresas e seus funcionários, que vem se apresentando como mais adversa do que a ocorrida em 2020, a pesquisa apurou que a extensão de linhas de crédito em condições especiais seria a medida mais importante para 45% dos empresários.
Para mais da metade dos entrevistados que são donos de micro e pequenas empresas (51%), a principal medida do governo para auxiliar o segmento nesse momento seria a extensão das linhas de crédito com condições especiais como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), destacou o Sebrae.
Segundo a pesquisa, entre os microempreendedores individuais (MEI), o crédito também é a alternativa mais votada, com 41%, mas a prorrogação do auxílio apresenta um peso maior: 36% alegaram ser essa a principal medida.
“Muitos MEI foram beneficiados com o recebimento de parcelas do auxílio emergencial e mesmo quem não recebeu viu que essa ajuda financeira permitiu que muitos consumidores utilizassem esses recursos para comprar dos pequenos negócios de seu bairro ou cidade”, afirmou o presidente Carlos Melles.
A pesquisa mostrou, nesta 10ª edição, que a expectativa de retorno à normalidade dos negócios no país é de 17 meses. Muito mais longa do que a detectada na primeira edição da pesquisa há oito meses atrás, o que coloca um desafio muito maior para a recuperação das empresas e a manutenção dos empregos dos trabalhadores.
Para a pergunta sobre demissões de funcionários com carteira assinada nos últimos 30 dias, 19% das respostas foram assertivas nesta edição. É o maior percentual desde a 6ª edição quando o percentual foi de 17%.
Esses números confirmam que o movimento inicial de recuperação, entre outubro a dezembro, foi interrompido com as micro e pequenas empresas voltando a ter queda no faturamento e a demitir.
O segmento mais afetado foi o Turismo, com queda de 59% em suas atividades. Economia criativa, que inclui empreendimentos culturais, veio logo a seguir com queda de 58%. Beleza e cuidados pessoais recuaram 47%, enquanto, Artesanato e serviços de alimentação registraram, nada menos, do que 46%.
Na sequência das edições da pesquisa, o endividamento mantém-se aproximadamente com 30% de empresas com dívidas e inadimplentes, outro 30% com dívidas, mas em dia com seus pagamentos, e ainda outros aproximadamente 30% sem dívidas.
O estudo entrevistou 6.228 empresários de todos os estados e do Distrito Federal, entre os dias 25 de fevereiro e 1ª de março de 2021.
Desse universo, 57% são MEIs, 38% microempresários e 5% empresários de empresas de pequeno porte.