O presidente desembarcou às 11h30 desta quarta-feira em Xangai. A reunião com o presidente Xi Jinping está prevista para sexta-feira (14). Global Times e a Agência de notícias Xinhua (parceira do HP) deram destaque para a visita de Lula ao gigante asiático
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta quarta-feira (12) em Xangai, primeira parada de sua visita à China. O avião de Lula pousou no aeroporto da cidade por volta das 22h30 desta quarta, no horário local, 11h30 no horário de Brasília. Além das autoridades chinesas, Dilma Rousseff, nova presidente do Banco dos BRICS, também estava na recepção no aeroporto.
POSSE NO BANCO DO BRICS
Ainda hoje, em Xangai, Lula participará da posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco do BRICS – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A solenidade está marcada para quinta-feira (13). Logo em seguida, Lula parte para Pequim onde se encontra com o presidente da China, Xi Jinping, na sexta-feira (14). O presidente brasileiro também terá encontros com lideranças políticas e empresários.
Convidado para a visita por Xi Jinping, Lula tem uma pauta extensa com o presidente chinês. A ampliação das relações já construídas entre os dois países e o aprofundamento do intercâmbio tecnológico em setores de ponta estão entre os temas que serão debatidos. Vinte acordos serão assinados pelos dois presidentes, entre eles o projeto de construção conjunta de satélites de monitoramento ambiental e intercâmbios na área energética.
INTERCÂMBIO TECNOLÓGICO
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que viaja junto com Lula, participará da assinatura de instrumentos de cooperação científica e tecnológica entre os dois países.
Nesta quinta-feira (13), a ministra participa de reunião, em Xangai, com a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e de audiência com CEO da BYD, Wang Chuang. Também estão previstos encontros com CEOs da Huawei, Ren Zhengfei; da State Grid, Zhang Zhigang, e com o presidente do Conselho da China Communications Construction Company, Wang Tongzhou.
A venda de vinte aeronaves pela Embraer e a instalação de uma fábrica automotiva chinesa na Bahia fazem parte dos temas que serão tratados pelos dois presidentes.
Em matéria desta quarta-feira (12), o Global Times dá destaque para a visita de Lula e afirma que ela tende a fortalecer a articulação dos BRICS. “Além disso, após uma série de viagens de alto nível à China por líderes estrangeiros nas últimas semanas, a viagem do presidente brasileiro também promoverá um verdadeiro multilateralismo e colaboração em várias plataformas multilaterais, particularmente sob a plataforma dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul”, diz a reportagem.
VISITA À EMPRESA BRASILEIRA
O Global Times informa que a parada de Lula em Xangai inclui também uma visita ao recém-inaugurado centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovação da empresa brasileira Suzano. Lula ressaltou que no topo da agenda de sua viagem não está apenas a cooperação econômica e comercial tradicional, mas também a colaboração em novas tecnologias emergentes e a economia digital. Pablo Machado, presidente da Suzano Ásia para Beyond Pulp Business, disse ao Global Times na quarta-feira que a delegação brasileira visitará o Suzano China Innovability Hub, localizado na Cidade Científica de Zhangjiang, em Xangai, na tarde de quinta-feira.
O jornal chinês assinala que o papel do Brasil nos BRICS é muito importante. “O Brasil sempre desempenhou um papel muito ativo no mecanismo de cooperação do BRICS. A primeira parada de Lula no NDB é um reflexo da importância que ele atribui ao mecanismo do BRICS, estabelecendo uma base sólida para a próxima reunião entre os líderes da China e do Brasil”, diz a reportagem.
FORTALECIMENTO DO BRICS
“A posição da China sobre a cooperação dos BRICS é consistente. Estamos prontos para trabalhar com os países relevantes para promover a cooperação do BRICS com base no respeito mútuo e na igualdade e fazer nossa devida contribuição para a paz mundial e o desenvolvimento e a solidariedade e cooperação entre os países em desenvolvimento”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, na coletiva de imprensa na quarta-feira.
A cooperação reforçada entre os dois lados usando o yuan na liquidação comercial se tornará um modelo para a promoção dos negócios do yuan em toda a região da América Latina, disse Zhou Zhiwei, especialista em estudos latino-americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao Global Times. Zhou observou que, durante a visita de Lula à China, os dois países trocarão pontos de vista sobre questões quentes internacionais e regionais, o que ajudará a formar a voz racional dos países de mercados emergentes e injetará mais poder do BRICS para a governança do desenvolvimento global.
TROCAS EM MOEDAS LOCAIS
“Em fevereiro, o banco central da China assinou um memorando de cooperação com o banco central do Brasil para lançar liquidação com renminbi (RMB, moeda chinesa) no Brasil. Essa medida melhorará a eficiência do comércio bilateral e reduzirá os riscos externos, fornecendo um mecanismo de garantia eficaz para a cooperação entre a China e o Brasil em economia e comércio”, disse Zhou
A Agência Xinhua também repercutiu a viagem de Lula à China. Ele disse que “a cooperação econômica e comercial entre a China e o Brasil teve um rápido desenvolvimento e alcançou conquistas frutíferas nos últimos anos”. Ela frisou que a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 14 anos consecutivos, e o Brasil é o primeiro país latino-americano a atingir um volume de comércio de mais de US$100 bilhões com a China.
Em 2022, o comércio total entre os dois países ficou em US$ 171,34 bilhões. A China importou 54,4 milhões de toneladas de soja e 1,11 milhão de toneladas de carne bovina congelada do Brasil, ocupando 59,72% e 41% de sua quantidade total de importação, respectivamente, de acordo com os dados da Administração Geral das Alfândegas da China. O saldo comercial foi positivo para o Brasil em US$ 27,8 bilhões em 2022.
“Os avanços vão desde o açaí tornando-se uma venda imperdível na Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês), até a carne bovina do Brasil aparecendo na refeição das famílias chinesas; desde os trens ferroviários ‘made in china’ ocorrendo em São Paulo, até o projeto de transmissão elétrica de Belo Monte iluminando cidades brasileiras; desde o navio cargueiro com café brasileiro esperando por desembaraço aduaneiro, até os brasileiros desfrutando da ‘velocidade chinesa’ de logística expressa, prosseguiu a agência”, acrescentou o especialista.
ECONOMIAS COMPLEMENTARES
A Xinhua falou sobre a participação brasileira na 5ª CIIE (China International Import Expo) em 2022. Além do milho, outros produtos agrícolas e pecuários brasileiros, como soja, frango e açúcar, já entraram na vida cotidiana dos chineses. O pavilhão brasileiro apresentou aos consumidores chineses produtos como carne bovina, café e própolis. O grande dividendo da abertura do alto nível da China traz oportunidades de crescimento para mais empresas brasileiras, diz o jornal chinês.
A China e o Brasil são altamente complementares na cooperação econômica. A demanda chinesa por produtos básicos brasileiros está aumentando, disse Wang Cheng’an, sênior-especialista do Centro Chinês de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da Universidade de Economia e Negócios Internacionais. A Xinhua observou que a China e o Brasil têm amplas perspectivas de cooperação no campo de nova energia. A China tem o equipamento e a tecnologia, assim como apoio financeiro para desenvolver a nova energia, enquanto o Brasil tem recursos de alta qualidade e potencial de mercado, complementando assim os pontos fortes um do outro.
O 14º Plano Quinquenal da China enfatizou o desenvolvimento verde e a construção de uma bela China. O objetivo de desenvolvimento verde não apenas serve para seu desenvolvimento no país, mas também para seus investimentos no exterior, destacou Guo Cunhai, diretor do departamento de estudos socioculturais do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Produtos agrícolas, minerais e petróleo têm sido pilares na cooperação econômica e comercial entre China e Brasil, formando a estrutura comercial que permite que a cooperação econômica e comercial entre os dois países se fortaleça, avaliou Zhou Zhiwei, diretor executivo do centro de estudos brasileiros e vice-diretor do departamento de relações internacionais, ligados ao Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Com informações da Agência Xinhua e Global Times