O apagão causado na rede da Enel registrado há quatro dias na cidade de São Paulo ainda causa transtornos aos moradores de bairros do centro da capital. Desde a última segunda (18), a concessionária privada afirma que está trabalhando para resolver a situação. No entanto, na última quarta (20), após restabelecer o fornecimento de luz, um desligamento aconteceu ainda no período da tarde.
Até o momento, de acordo com a própria concessionária, cerca de mil clientes seguem com o fornecimento de energia suprido por geradores até que sejam concluídos os reparos e conectados à rede da distribuidora.
“Na noite de quarta, a Enel restabeleceu o fornecimento de energia para todos os clientes afetados pelo desligamento preventivo que havia sido realizado durante o período da tarde na rede de distribuição subterrânea que atende os bairros de Higienópolis, Santa Cecília, Consolação, Campos Elíseos, Vila Buarque e Cerqueira César. Equipes da empresa seguiram no local atuando para reconfigurar a rede afetada”, disse a empresa.
Durante o trabalho, as equipes identificaram um indicativo de nova falha, optando por desligar preventivamente às 12h40 um dos circuitos para realizar nova intervenção. “Também, preventivamente, a companhia mobilizou geradores adicionais, além dos que já estavam disponíveis na região”, afirmou a Enel.
Com o prolongamento da falta de energia, na quarta, moradores da região afetada relataram que também foram prejudicados com o desabastecimento de água. Isso porque a interrupção afetou o bombeamento de água. As bombas para abastecer as caixas d’água de muitos prédios funciona a base de energia elétrica.
A falta de luz, registrada desde as 10h30 de segunda, afetou principalmente os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque. O novo apagão atingiu cerca de 35 mil moradores, afetando hospitais, comércio e outras atividades.
DESMONTE
O descaso da Enel com a população não é exatamente uma novidade. Desde que assumiu a concessão no lugar da Eletropaulo, o ltempo médio de espera dos consumidores para que a Enel SP atenda ocorrências emergenciais relacionadas à energia elétrica mais que dobrou.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em novembro de 2018, a média era de 6 horas para o atendimento a emergências. Essa média leva em conta os últimos 12 meses, portanto, leva em conta parte do tempo em que a Eletropaulo ainda geria a energia elétrica em São Paulo, o que aconteceu até junho de 2018.
Um ano depois, em 2019, o tempo médio de espera saltou para 9 horas, chegou a 11 horas em 2022 e, em abril deste ano, dado mais atualizado até o momento, a média já é de 13 horas para o atendimento a emergências.
A Aneel também faz um ranking de qualidade com as 29 maiores concessionárias de energia elétrica do país. No ano passado, a Enel SP ocupava a 19ª posição.
Os problemas com energia elétrica causados pelo temporal de novembro em São Paulo reacendem o debate a respeito da privatização de serviços essenciais, como a água.
Na época, a Enel afirmou que o indicador o Tempo Médio de Atendimento Emergencial (TMAE) não envolve necessariamente chamados de falta de luz e considera deslocamentos de equipes para chamados diversos, incluindo deslocamentos improcedentes.
Também afirma que os indicadores oficiais de qualidade medidos pelo órgão regulador são o DEC e FEC, e que estes dois indicadores registraram melhoria expressiva nos últimos anos, como resultado dos fortes investimentos realizados pela empresa. Entre 2015 e 2022, o DEC melhorou 73% e o FEC avançou 48%.
PRIVATIZA QUE PIORA
Uma das principais bandeiras da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) desde as eleições é a privatização da Sabesp, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, responsável pela concessão dos serviços públicos de saneamento básico de 375 municípios.
A oposição alega que a privatização da Sabesp pode deixar de lado o saneamento básico em regiões periféricas, além de atrapalhar projetos de regularização fundiária de cidades ou bairros. Outro argumento é o de que, se a qualidade do serviço prestado cair, o movimento pode levar a uma desindustrialização do estado de São Paulo, uma vez que a qualidade da água de uma região é fator essencial para decisão da instalação de qualquer tipo de indústria.
“A hora que você privatiza, a empresa vai olhar se aquela região dá prejuízo, não vai ter atendimento. É a mesma coisa para a população nas periferias na cidade de São Paulo. Quando você tiver uma adutora rompida, um vazamento de água, hoje quando você olha a cidade, o centro expandido e as periferias, já tem uma dificuldade de atendimento. Imagina quando tiver na mão de uma gestão privada”, afirma o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT).
CORTE DE FUNCIONÁRIOS
Desde 2019, a concessionária privada Enel já cortou 36% dos funcionários da ex-estatal de distribuição de energia de São Paulo, enquanto o volume de clientes atendidos pela distribuidora cresceu 7% na região metropolitana.
Após adquirir a antiga Eletropaulo, em 2018, a companhia italiana atuou para o enxugamento no quadro de funcionários da empresa. Em 2019, eram 23.835 funcionários, destes, 17.367 eram terceirizados e 6.468 próprios da empresa. No terceiro trimestre deste ano, a distribuidora contava com apenas 15.366 empregados, sendo 3.863 próprios e 11.503 terceirizados, segundo um levantamento feito pelo canal CNN, com dados apresentados pela companhia italiana à Aneel.
Por outro lado, em meio ao corte de 40% na folha de pagamento da própria Enel e redução de 34% nos terceirizados, o volume de clientes atendidos pela companhia cresceu para quase 8 milhões na Grande São Paulo. Ao todo, a concessionária atende cerca de 7,85 milhões de consumidores em 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital paulista.
Os funcionários de empresas que prestam serviço para a concessionária de energia Enel estão com medo de voltar a fazer cortes de energia na cidade São Paulo, depois do assassinato de um colega de trabalho da empresa PSC Alpitel.
DESCASO COM FUNCIONÁRIOS
Na quarta-feira da semana passada (13), Odail Maximiliano Silva Paula foi morto pelo dono de uma academia na Vila Marieta, na Zona Leste da capital paulista, ao tentar cortar a energia do estabelecimento por falta de pagamento.
Em entrevista ao jornal SPTV 2ª Edição, da TV Globo, na condição de anonimato, um funcionário da PSC Alpitel disse que nas últimas semanas a empresa elevou de 25 para 30 o número de cortes diários que cada equipe da empresa precisa fazer para conseguir ganhar um bônus mensal .
O benefício varia de R$ 500 a R$ 1 mil por mês (dependendo da empresa), além do salário bruto de R$1.500.
“Quando eu entrei eram 25 cortes para alcançar a meta. Na sexta-feira passada, aumentaram para 30 cortes. A gente chegou a questionar a empresa dizendo que 25 cortes já era difícil, que dá muita confusão, mas o supervisor disse que se não fizer 30, a empresa não paga a bonificação pra gente”, afirmou o colaborador da empresa.
“A gente faz os cortes e ganha o salário normal fixo de R$ 1.500. Fora o salário, você tem uma comissão pelos cortes que você faz. Então, cada empresa coloca uma meta. O bônus vai de R$ 500 a R$ 1 mil”, afirmou.
No dia do crime, o funcionário disse que encontrou com Odail na empresa. Ele conta que o rapaz, pai de um filho de sete anos, tinha fama de trabalhador dedicado e “gente boa” com os colegas.
O eletricitário da Alpitel também narrou uma rotina de constantes ameaças nas ruas. “Já fui agredido três vezes fazendo cortes. Numa das vezes, cortei e fui para o carro. E o dono do lugar me empurrou e nós dois saímos no braço em frente ao local. Eu me machuquei, nós caímos no chão”, contou.
“Ontem, nós fomos fazer um corte na casa de um rapaz que disse que se cortasse a energia ia ter tiro. Ele disse que conhecia policiais militares e não iria preso por isso”, disse o eletricista.
Segundo o sindicato dos eletricitários de SP, o piso salarial da categoria para atividade de corte de energia é de R$ 1.586,85. Devido ao baixo nível salarial as empresas aplicam bonificações por produtividade, podendo o trabalhador ampliar seu ganho em R$ 500 até R$ 1.500 mensais.
A entidade afirma também que, em algumas empresas, a meta de corte é de 30 a 40 por dia de trabalho das equipes.
O presidente do Sindicato dos Eletricitários, Eduardo de Vasconcelos Annunciato, o Chicão, afirma que queixas como as ouvidas pela reportagem são diárias na rotina de quem trabalha na linha de frente da Enel em São Paulo.
“São ameaças de toda ordem: arma em punho, faca na mão. Pessoal falando: ‘se cortar minha luz não vai descer do poste’, esse tipo de situação. E, do outro lado, as empresas colocam câmeras e dispositivos de controle para obrigar que os cortes sejam feitos”, disse Annunciato.
De acordo com o sindicalista, a categoria já tentou ir à Justiça para impedir que os funcionários sejam obrigados a usar câmeras de vigilância em áreas de grande perigo, mas as ações foram negadas diversas vezes pelo Poder Judiciário.
“Na época da implantação, os trabalhadores das terceirizadas da Enel até nos alertaram que essas câmeras colocam eles em risco. Porque eles entram em lugares em que até a polícia não entra. A gente ingressou com ações na Justiça, mas, lamentavelmente, o Judiciário entendeu que os empregados não têm liberdade de usar em locais onde é possível e não é. E a gente vem perdendo essas ações corriqueiramente”, explicou.
O sindicato está numa campanha para incorporar esses valores ao salário, elevando o piso para R$ 2.640 e reduzindo a pressão sobre produção devido ao alto risco que envolve essa atividade.
O Sindicato dos Eletricitários disse que pediu às duas empresas o acesso às câmeras corporais ou ao carro que Odail Maximiliano trabalhava na noite do crime para entender tudo que aconteceu na quarta, durante a tentativa de corte de energia na academia da Rua Antônio Carlos Lamengo.
Por meio da análise, o sindicato pretende criar protocolos de ação para orientar os empregados dessas empresas a evitar violência física, moral ou psicológica.
“Como a Aptel usa câmeras no uniforme e no carro, a gente quer saber onde estão essas imagens e o que ocorreu para que esse tipo de coisa não aconteça com outros trabalhadores. É muito importante a gente saber tudo que aconteceu até o momento do crime pra gente criar protocolos para que situações como essa não se repitam”, declarou Chicão.
O apagão causado na rede da Enel registrado há quatro dias na cidade de São Paulo ainda causa transtornos aos moradores de bairros do centro da capital. Desde a última segunda (18), a concessionária privada afirma que está trabalhando para resolver a situação. No entanto, na última quarta (20), após restabelecer o fornecimento de luz, um desligamento aconteceu ainda no período da tarde.Até o momento, de acordo com a própria concessionária, cerca de mil clientes seguem com o fornecimento de energia suprido por geradores até que sejam concluídos os reparos e conectados à rede da distribuidora.“Na noite de quarta, a Enel restabeleceu o fornecimento de energia para todos os clientes afetados pelo desligamento preventivo que havia sido realizado durante o período da tarde na rede de distribuição subterrânea que atende os bairros de Higienópolis, Santa Cecília, Consolação, Campos Elíseos, Vila Buarque e Cerqueira César. Equipes da empresa seguiram no local atuando para reconfigurar a rede afetada”, disse a empresa.Durante o trabalho, as equipes identificaram um indicativo de nova falha, optando por desligar preventivamente às 12h40 um dos circuitos para realizar nova intervenção. “Também, preventivamente, a companhia mobilizou geradores adicionais, além dos que já estavam disponíveis na região”, afirmou a Enel.Com o prolongamento da falta de energia, na quarta, moradores da região afetada relataram que também foram prejudicados com o desabastecimento de água. Isso porque a interrupção afetou o bombeamento de água. As bombas para abastecer as caixas d’água de muitos prédios funciona a base de energia elétrica.A falta de luz, registrada desde as 10h30 de segunda, afetou principalmente os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque. O novo apagão atingiu cerca de 35 mil moradores, afetando hospitais, comércio e outras atividades.DESMONTEO descaso da Enel com a população não é exatamente uma novidade. Desde que assumiu a concessão no lugar da Eletropaulo, o ltempo médio de espera dos consumidores para que a Enel SP atenda ocorrências emergenciais relacionadas à energia elétrica mais que dobrou.Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em novembro de 2018, a média era de 6 horas para o atendimento a emergências. Essa média leva em conta os últimos 12 meses, portanto, leva em conta parte do tempo em que a Eletropaulo ainda geria a energia elétrica em São Paulo, o que aconteceu até junho de 2018.Um ano depois, em 2019, o tempo médio de espera saltou para 9 horas, chegou a 11 horas em 2022 e, em abril deste ano, dado mais atualizado até o momento, a média já é de 13 horas para o atendimento a emergências.A Aneel também faz um ranking de qualidade com as 29 maiores concessionárias de energia elétrica do país. No ano passado, a Enel SP ocupava a 19ª posição.Os problemas com energia elétrica causados pelo temporal de novembro em São Paulo reacendem o debate a respeito da privatização de serviços essenciais, como a água.Na época, a Enel afirmou que o indicador o Tempo Médio de Atendimento Emergencial (TMAE) não envolve necessariamente chamados de falta de luz e considera deslocamentos de equipes para chamados diversos, incluindo deslocamentos improcedentes.Também afirma que os indicadores oficiais de qualidade medidos pelo órgão regulador são o DEC e FEC, e que estes dois indicadores registraram melhoria expressiva nos últimos anos, como resultado dos fortes investimentos realizados pela empresa. Entre 2015 e 2022, o DEC melhorou 73% e o FEC avançou 48%. PRIVATIZA QUE PIORAUma das principais bandeiras da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) desde as eleições é a privatização da Sabesp, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, responsável pela concessão dos serviços públicos de saneamento básico de 375 municípios.A oposição alega que a privatização da Sabesp pode deixar de lado o saneamento básico em regiões periféricas, além de atrapalhar projetos de regularização fundiária de cidades ou bairros. Outro argumento é o de que, se a qualidade do serviço prestado cair, o movimento pode levar a uma desindustrialização do estado de São Paulo, uma vez que a qualidade da água de uma região é fator essencial para decisão da instalação de qualquer tipo de indústria.”A hora que você privatiza, a empresa vai olhar se aquela região dá prejuízo, não vai ter atendimento. É a mesma coisa para a população nas periferias na cidade de São Paulo. Quando você tiver uma adutora rompida, um vazamento de água, hoje quando você olha a cidade, o centro expandido e as periferias, já tem uma dificuldade de atendimento. Imagina quando tiver na mão de uma gestão privada”, afirma o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT).CORTE DE FUNCIONÁRIOSDesde 2019, a concessionária privada Enel já cortou 36% dos funcionários da ex-estatal de distribuição de energia de São Paulo, enquanto o volume de clientes atendidos pela distribuidora cresceu 7% na região metropolitana.Após adquirir a antiga Eletropaulo, em 2018, a companhia italiana atuou para o enxugamento no quadro de funcionários da empresa. Em 2019, eram 23.835 funcionários, destes, 17.367 eram terceirizados e 6.468 próprios da empresa. No terceiro trimestre deste ano, a distribuidora contava com apenas 15.366 empregados, sendo 3.863 próprios e 11.503 terceirizados, segundo um levantamento feito pelo canal CNN, com dados apresentados pela companhia italiana à Aneel.Por outro lado, em meio ao corte de 40% na folha de pagamento da própria Enel e redução de 34% nos terceirizados, o volume de clientes atendidos pela companhia cresceu para quase 8 milhões na Grande São Paulo. Ao todo, a concessionária atende cerca de 7,85 milhões de consumidores em 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital paulista.Os funcionários de empresas que prestam serviço para a concessionária de energia Enel estão com medo de voltar a fazer cortes de energia na cidade São Paulo, depois do assassinato de um colega de trabalho da empresa PSC Alpitel.DESCASO COM FUNCIONÁRIOS Na quarta-feira da semana passada (13), Odail Maximiliano Silva Paula foi morto pelo dono de uma academia na Vila Marieta, na Zona Leste da capital paulista, ao tentar cortar a energia do estabelecimento por falta de pagamento.Em entrevista ao jornal SPTV 2ª Edição, da TV Globo, na condição de anonimato, um funcionário da PSC Alpitel disse que nas últimas semanas a empresa elevou de 25 para 30 o número de cortes diários que cada equipe da empresa precisa fazer para conseguir ganhar um bônus mensal .O benefício varia de R$ 500 a R$ 1 mil por mês (dependendo da empresa), além do salário bruto de R$1.500.“Quando eu entrei eram 25 cortes para alcançar a meta. Na sexta-feira passada, aumentaram para 30 cortes. A gente chegou a questionar a empresa dizendo que 25 cortes já era difícil, que dá muita confusão, mas o supervisor disse que se não fizer 30, a empresa não paga a bonificação pra gente”, afirmou o colaborador da empresa.“A gente faz os cortes e ganha o salário normal fixo de R$ 1.500. Fora o salário, você tem uma comissão pelos cortes que você faz. Então, cada empresa coloca uma meta. O bônus vai de R$ 500 a R$ 1 mil”, afirmou.No dia do crime, o funcionário disse que encontrou com Odail na empresa. Ele conta que o rapaz, pai de um filho de sete anos, tinha fama de trabalhador dedicado e “gente boa” com os colegas.O eletricitário da Alpitel também narrou uma rotina de constantes ameaças nas ruas. “Já fui agredido três vezes fazendo cortes. Numa das vezes, cortei e fui para o carro. E o dono do lugar me empurrou e nós dois saímos no braço em frente ao local. Eu me machuquei, nós caímos no chão”, contou.“Ontem, nós fomos fazer um corte na casa de um rapaz que disse que se cortasse a energia ia ter tiro. Ele disse que conhecia policiais militares e não iria preso por isso”, disse o eletricista.Segundo o sindicato dos eletricitários de SP, o piso salarial da categoria para atividade de corte de energia é de R$ 1.586,85. Devido ao baixo nível salarial as empresas aplicam bonificações por produtividade, podendo o trabalhador ampliar seu ganho em R$ 500 até R$ 1.500 mensais.A entidade afirma também que, em algumas empresas, a meta de corte é de 30 a 40 por dia de trabalho das equipes.O presidente do Sindicato dos Eletricitários, Eduardo de Vasconcelos Annunciato, o Chicão, afirma que queixas como as ouvidas pela reportagem são diárias na rotina de quem trabalha na linha de frente da Enel em São Paulo.“São ameaças de toda ordem: arma em punho, faca na mão. Pessoal falando: ‘se cortar minha luz não vai descer do poste’, esse tipo de situação. E, do outro lado, as empresas colocam câmeras e dispositivos de controle para obrigar que os cortes sejam feitos”, disse Annunciato.De acordo com o sindicalista, a categoria já tentou ir à Justiça para impedir que os funcionários sejam obrigados a usar câmeras de vigilância em áreas de grande perigo, mas as ações foram negadas diversas vezes pelo Poder Judiciário.“Na época da implantação, os trabalhadores das terceirizadas da Enel até nos alertaram que essas câmeras colocam eles em risco. Porque eles entram em lugares em que até a polícia não entra. A gente ingressou com ações na Justiça, mas, lamentavelmente, o Judiciário entendeu que os empregados não têm liberdade de usar em locais onde é possível e não é. E a gente vem perdendo essas ações corriqueiramente”, explicou.O sindicato está numa campanha para incorporar esses valores ao salário, elevando o piso para R$ 2.640 e reduzindo a pressão sobre produção devido ao alto risco que envolve essa atividade.O Sindicato dos Eletricitários disse que pediu às duas empresas o acesso às câmeras corporais ou ao carro que Odail Maximiliano trabalhava na noite do crime para entender tudo que aconteceu na quarta, durante a tentativa de corte de energia na academia da Rua Antônio Carlos Lamengo.Por meio da análise, o sindicato pretende criar protocolos de ação para orientar os empregados dessas empresas a evitar violência física, moral ou psicológica.“Como a Aptel usa câmeras no uniforme e no carro, a gente quer saber onde estão essas imagens e o que ocorreu para que esse tipo de coisa não aconteça com outros trabalhadores. É muito importante a gente saber tudo que aconteceu até o momento do crime pra gente criar protocolos para que situações como essa não se repitam”, declarou Chicão.