A deputada do Parlasul e líder da organização indígena Tupac Amaru, Milagro Sala, condenou como “nefasta” a iniciativa do governo argentino de cobrar dos imigrantes pelo acesso aos serviços de educação e de saúde. A medida neoliberal foi anunciada pelo governador de Jujuy, Gerardo Morales, e imediatamente encampada pelo presidente Francisco Macri. “Este é um laboratório do horror do que querem fazer na Argentina”, protestou Sala.
Na avaliação da dirigente popular, “é preciso defender um projeto mais amplo”, em que “a educação e a saúde sejam gratuitas, para todos, sem exceção”. “Me dói muitíssimo este anúncio de cobrança, porque muitos de nós somos descendentes de estrangeiros”, sublinhou.
Condenando a visão elitista e eurocêntrica, Milagro Sala questionou: “Por que falamos de bolivianos e não de espanhóis ou italianos? Por que não legalizar os imigrantes bolivianos, se querem cobrar pela sua presença? Muitos dos italianos e espanhóis são donos de parte da terra, enquanto que os bolivianos estão trabalhando ilegais nas fazendas. É como se tivessem feito um projeto contra os bolivianos”.
Na casa de El Carmen, onde se encontra cercada e vigiada por 26 guardas por ter comandado mobilizações contra o governador de Jujuy, Milagro Sala condenou o modelo de saúde “privado”, que reduz a atenção médica a um mero “negócio”, violentando direitos básicos do conjunto da sociedade. “Macri é discriminador, para ele a saúde é dinheiro”, ressaltou.
Presa desde janeiro de 2016 por se opor à política de Macri e Gerardo, ela já esteve encarcerada no Presídio de Mulheres de Alto Comedero, onde foi submetida a “torturas, perseguições e celas de castigo”. Após inúmeras denúncias de organizações nacionais e internacionais de direitos humanos, a dirigente popular foi colocada em prisão domiciliar, liderando uma ampla campanha de denúncias do retrocesso neoliberal em curso.