Colunista Raúl Kollmann, do jornal Página, classificou de “macartismo diplomático” a demissão da ministra de Relações Exteriores. Diana Mondino, depois que ela votou contra o bloqueio na ONU
A votação nesta quarta-feira, 30, na Assembleia Geral da ONU sobre o bloqueio que EUA impõe contra Cuba provocou uma reação histérica por parte de Javier Milei ao exonerar a ministra argentina de Relações Exteriores Diana Mondino, depois que o país votou de acordo com as tradições diplomáticas e com a posição mundial, a favor de Cuba.
187 países votaram a favor de Cuba pelo pedido para que o governo americano cesse com o embargo que já dura 62 anos, contra o país, somente EUA e Israel se posicionaram contra e Moldávia se absteve.
O reconhecimento do prejuízo causado ao povo cubano se ampliou depois de um apagão que deixou o país às escuras tendo como causa central a restrição norte-americana às operações bancárias internacionais, dificultando a aquisição de combustível. O bloqueio também além de um enorme prejuízo financeiro e em espécie barra a aquisição de peças de reposição para as termelétricas de tal forma que as que sobraram em atividade foram forçadas a operar em plena carga elevando o risco de pane.
Apesar da postura diplomática de apoiar Cuba ser tradicional para a Argentina que sempre votou dessa forma, fanaticamente subserviente aos americanos e aos israelenses, Milei optou por afastar seus diplomatas, seu chanceler e possivelmente pode iniciar uma caça às bruxas contra servidores que apresentem idéias divergentes.
“Esta nova etapa exige que nosso corpo diplomático reflita os valores da liberdade, soberania e direitos individuais. Nesse sentido, nosso país se opõe categoricamente à ditadura cubana”, diz o infeliz comunicado do governo de Milei em sua exacerbada submissão a Washington.
“A República Argentina defenderá os princípios acima mencionados em todos os fóruns internacionais e o Poder Executivo iniciará uma auditoria do pessoal de carreira do Ministério das Relações Exteriores, com o objetivo de identificar promotores de agendas inimigas da liberdade,” completou, no que o colunista do jornal argentino Página 12 chamou de macartismo diplomático.
A bestialidade de Milei também evidencia o isolamento que a Argentina está sofrendo sob seu governo diante da radicalização de extrema direita pela sua insistência de travar “guerras culturais” contra temas como igualdade de gênero, mudanças climáticas e defesa dos direitos humanos. Enquanto a maioria dos países representados na ONU segue uma direção oposta. A Argentina optou o isolamento por causa da visão paranóica de Javier Milei que acredita na existência de “uma conspiração mundial”.
O pior é que esse isolamento causa um grande impacto negativo na relação com outros países, por exemplo. dificulta ainda mais a reivindicação Argentina das Malvinas, agora ocupada pelo Reino Unido. Anteriormente, a maioria dos países da ONU apoiavam a Argentina que pressionava o Reino Unido por uma negociação pela soberania das ilhas, agora por causa do crescente isolamento, muitos países podem optar por retirar seu apoio aos argentinos.