
Para o governador Axel Kicillof, da coalizão Força Pátria, é hora de ouvir o veredito das urnas e pôr fim ao caminho “extravagante e bizarro” trilhado pelo presidente argentino, “que nos insulta”.
O peronismo obteve uma vitória maiúscula nas eleições legislativas deste domingo (7) na província (Estado) de Buenos Aires, com a coalizão Força Pátria ganhando em 99 dos 135 municípios e abrindo mais de 13% de votos do partido do presidente Javier Milei.
Com 91,69% das urnas apuradas, o Força Pátria – do governador Axel Kicillof e da ex-presidente Cristina Kirchner – alcançou 47,07% dos votos (3.584,392), contra menos de 34% dos votos (2.575,969) dos serviçais dos interesses estadunidenses. Além de atolarem o país em uma profunda crise econômica, os neocoloniais se encontram mergulhados num escândalo de corrupção na Agência Nacional para a Deficiência (Andis). O Somos ficou em terceiro lugar, com 5,41%, e a Frente de Esquerda dos Trabalhadores ficou em quarto, com 4,38%. A província é considerada estratégica para as eleições presidenciais de 2027 pois concentra 40% do eleitorado.
Na reta final da campanha, Milei e sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina, precisaram ser retirados às pressas de uma carreata na cidade de Lomas de Zamora, na Grande Buenos Aires, após manifestantes indignados com a corrupção e com os cortes no apoio aos deficientes físicos reagirem com pedras e garrafas de água.
Desesperado, às vésperas da eleição, o governo nacional conseguiu arrancar uma decisão judicial que proibia os meios de comunicação de transmitirem gravações de áudio de Karina sobre os recursos assaltados da Andis. Foi o que bastou para que no ritmo do clássico Guantanamera explodisse a música Alta Coimera (Grande Corrupta).
Comemorando a vitória em Frente ao Teatro Argentino, em La Plata, capital da província, o governador Axel Kicillof afirmou que o resultado foi uma ordem do povo ao presidente. “Milei não pode mais governar para os de fora, para as corporações”, destacou Kicillof, condenando os sucessivos cortes impostos pelo governo nacional, “bilhões retirados dos cofres da província” para prejudicar os que mais necessitam. Tal política, assinalou, afeta a saúde e a educação públicas, bem como prejudica o trabalho, representando um atentado às condições de vida dos seus habitantes.
Para o governador, é hora de Milei ouvir o veredito das urnas e pôr fim ao caminho “extravagante e bizarro” que vem trilhando, “e nos insulta”. Queremos “funcionar como um escudo”, agindo com “sabedoria e generosidade” em defesa da produção e do emprego.
CRISTINA REPUDIA O PROPINODUTO NEOLIBERAL
Condenando Milei pelo caso de suborno na Andis, Cristina disse que “apontar o dedo e estigmatizar os deficientes, enquanto sua irmã recebe 3% de propina em seus medicamentos, é letal”. “E é melhor eu nem te contar como estamos nós (aqueles que ainda temos emprego)… Com dívidas de comida, aluguel, contas de luz ou medicamentos, e ainda por cima, com os cartões de crédito estourados…”
A ex-presidente também recordou a tentativa do presidente de passar uma borracha pelos horrores da ditadura, que deixou mais de 30 mil mortos e desaparecidos. “Você viu Milei?… Banalizar e vandalizar a campanha ‘Nunca Mais’, que representa o período mais sombrio e trágico da história argentina, não é de graça. Rir da morte e da dor dos oponentes também não é de graça”, publicou Cristina em mensagem no X.
Em prisão domiciliar, Cristina comemorou o sucesso eleitoral desde a sacada do San José 1111, onde foi acompanhada pelo deputado Máximo Kirchner e por uma multidão de ativistas.