Em pelo menos cinco estados estudantes universitários e professores foram às ruas, nesta quarta-feira (8), para protestar contra os cortes de Bolsonaro e seu ministro Abraham Weintraub dos recursos das universidades e institutos federais e bolsas da pesquisa.
Em São Paulo, cinco mil estudantes e professores ocuparam a avenida Paulista, na Marcha pela Ciência de São Paulo, apoiada pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES).
Em Niterói (RJ) e Curitiba, ao menos 10 mil estudantes estiveram nas ruas. Protestos também aconteceram em Campos de Goytacazes (RJ), Natal (RN) e Passos (MG).
Além de cortar 30% das verbas destinadas às universidades e institutos federais, podendo causar o fechamento de algumas unidades, Bolsonaro anunciou, nesta quarta, o congelamento da verba de todas as bolsas inativas da CAPES, instituição de fomento à pesquisa.
A medida foi anunciada aos manifestantes de São Paulo por Mariana Moura, do grupo Cientistas Engajados. “O corte vai afetar todos os que estavam esperando os resultados dos processo seletivos e vai diminuir a quantidade de pesquisadores na ativa, já que é muito difícil fazer pesquisa sem bolsa”, disse.
“O ato é para denunciar os cortes na educação básica, superior e na Ciência, além de defender o nosso papel para o desenvolvimento tecnológico e científico no Brasil”, disse um dos organizadores da marcha, Pedro Ticiani, estudante de astronomia da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Centro Acadêmico Paulo Marques dos Santos (CAPMS), que representa os estudantes do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG).
A diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) Keully Leal, que representou a entidade na avenida Paulista, afirmou que “eles [Bolsonaro e Weintraub] não nos representam, não vão nos calar. No dia 15 vamos tomar as ruas e parar as universidades e escolas. Vamos interromper esses cortes todos”.
No dia 15, os professores, estudantes e funcionários da educação vão realizar uma greve geral da categoria para barrar os cortes de Bolsonaro.
O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), Lucas Chen, avalia que os cortes significam “o fim do ensino superior público federal”. “Estamos aqui para defender o futuro, a ciência, o desenvolvimento” e em defesa da “ciência, educação, trabalho e vida digna para o povo”, disse.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas, também esteve no ato de São Paulo e afirmou que “não precisa ser cientista para reconhecer a importância da ciência para o desenvolvimento do país”.
Para João Chaves, docente da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e representante do Fórum das Seis, entidade que reúne as entidades representativas da USP, UNESP e UNICAMP, “é muito bom estar aqui e ver a juventude brasileira se levantando contra os cortes na Educação, nas Universidades. Isso é muito importante”.
Rio em defesa da UFF
Mais de 10 mil pessoas foram às ruas em Niterói em defesa da Universidade Federal Fluminense (UFF). O ato “Eu defendo a UFF” reuniu ainda alunos de outras universidades e estudantes do ensino médio. A universidade fluminense teve o orçamento bloqueado em 30%.
“O corte na UFF afeta a cidade como um todo. Atinge todos os estudantes que pretendem estudar em uma universidade pública, que faz muita pesquisa. A UFF tem diversos projetos de extensão e pós-graduação. A gente está aqui porque depende da universidade pública, onde se pode ter o livre debate, onde as diversas ideias podem circular”, conta André Borba, aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da UFF, que participou do ato.
“Participo de monitoria na UFF, sou bolsista. É um dinheiro que não é muita coisa, mas me ajuda a me manter na universidade. O corte é um absurdo. Não vai só me prejudicar, mas também a milhares de outros alunos. A gente tá na rua reivindicando o direito que é nosso”, disse Gabriel Rivas, aluno de História da UFF.
Curitiba
Na capital paranaense, o protesto intitulado “Eu tô na luta pela educação”, começou por volta das 18 horas na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os estudantes chamam a atenção para o risco de descontinuidade de pesquisas e, inclusive de interrupção das aulas. A UFPR já anunciou que o corte de R$ 48 milhões compromete o funcionamento da instituição a partir do segundo semestre.
Os estudantes lembram que as universidades públicas são responsáveis por 95% das pesquisas científicas no Brasil.
Os atos são preparativos para uma paralisação geral, marcada para quarta-feira da semana que vem, dia 15. Mobilizações estão sendo organizadas por todo o país.
Veja mais imagens desta quarta-feira:
Em Niterói, milhares de pessoas foram às ruas contra os cortes na Universidade Federal Fluminense:
Ato em São Paulo:
CURITIBA
Muitos foram sem saber o que estava acontecendo, muitos sem terra, sem teto, sem ter o que fazer, sem a mamata dos sindicatos etc. Com uma única finalidade não querem o bom do Brasil e muito menos de Bolsonaro.
Você não acredita nisso, não é? Ao contrário do Bolsonaro, nós jamais presumimos, por antecipação, que uma pessoa é idiota apenas porque não tem a mesma posição que a nossa.