
Fugindo da fome, da miséria e dos altíssimos índices de violência, mais de dois mil migrantes hondurenhos realizam uma nova marcha até a fronteira do México com os Estados Unidos, na esperança de encontrar melhoria de vida.
“É injusto não nos deixarem sair de Honduras. Nós viemos de lá porque em nosso país o governo não nos quer, nos deixa morrer de fome, e por causa da violência”, desabafou uma mulher que se identificou apenas como Délia, junto a um de seus filhos. “O que era vida em Honduras já não é vida”, acrescentou angustiado o desempregado Franklin Aguilera, ao lado de sua esposa Jennifer e seu filho de dois anos e seis meses.
Questionada sobre as duras intempéries das centenas de quilômetros e do forte aparato repressivo estadunidense que lhes espera na fronteira, a hondurenha Miria Zelaya, que viaja acompanhada de 12 familiares, disse nada temer, nem a falta de comida, a chuva, o calor escaldante ou o frio. “Nada disso me desanima, o que fala mais alto é a necessidade”, declarou. “Qualquer coisa é melhor do que estar em Honduras. Por isso trouxe todos meus filhos”, declarou outra mulher,
Sem levar uma lempira no bolso (a moeda oficial hondurenha), Héctor Alvarado denunciou que “por ser um opositor político ao partido oficial já não me dão trabalho”. Com 25 anos, o locutor de profissão disse que a falta de emprego o obrigou a se somar à marcha. “Fui informado pelo Facebook que podia me unir à caravana, me despedi da família e abri caminho”, frisou.
Agricultor de 52 anos, Genaro Hernández, assegurou que o presidente hondurenho Juan Orlando Hernandéz é “o maior ladrão que existe”, sendo o grande responsável pela grave crise política, econômica e social em que o país se vê mergulhado.
O fato, alertam as organizações de direitos humanos, é que os mesmos governos que mergulham seus países no caos são aqueles que, atendendo às exigências de Trump, impõem travas e reprimem os manifestantes, seja com guardas ou simplesmente negando qualquer apoio durante o perigoso e estafante trajeto. Na capital guatemalteca, por exemplo, com os albergues lotados, 700 pessoas sofreram com o frio dormindo ao relento.
Somente até às 7 horas de quarta-feira, 1.274 migrantes hondurenhos haviam registrado entrada na Guatemala, 291 deles menores de idade, além de uma grande quantidade de mulheres, idosos e famílias inteiras. De acordo com a imprensa centro-americana, centenas de salvadorenhos se somaram à marcha nos últimos dias.
“Migrar é um direito”, entoaram os manifestantes, reiterando a determinação de seguir em frente.