
“Não ao genocídio em Gaza, não ao racismo, não a Trump”, conclamam manifestantes
Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Londres para protestar contra a segunda visita de Estado – sem precedentes – de Donald Trump ao Reino Unido e contra a sustentação dos EUA ao genocídio do povo palestino perpetrado por Israel.
“Negadores do genocídio não são bem-vindos! Tudo contra a visita de Estado de Trump! Exija que os EUA e o Reino Unido parem de armar o estado genocida israelense!”, exigiu a Stop the War, uma das principais entidades organizadoras.
Nessa visita de 48 horas ao país, Trump não discursará no Parlamento, nem visitará a sede do governo, em Downing Street – tudo para escapulir dos protestos. Será recebido pelo primeiro-ministro trabalhista, Keir Starmer, na residência em Chequers.
Os manifestantes se concentraram na terça-feira (16) perto da sede da BBC, com bandeiras palestinas e cartazes com dizeres “Não ao sionismo, parem o terrorismo dos EUA e Israel”, “Parem de armar Israel”, “não ao racismo, não a Trump”, “Bem-vindos migrantes, Trump não é bem-vindo”, e marcharam em direção à Praça do Parlamento.
Por sua vez, a Campanha de Solidariedade denunciou que as deportações de Trump confirmam “que ele é um autoritário racista em casa e um belicista no exterior.”
Na quarta-feira (17), os protestos se dirigiram para as imediações do Castelo de Windsor, a 40 quilômetros a oeste do centro de Londres, onde Trump foi recebido pelo rei Charles III. Rory Challands, da Al Jazeera, relatando os protestos, descreveu-os como “o contraponto a toda aquela bajulação, pompa e grandeza que está acontecendo em Windsor no momento”.
Em crise, o Reino Unido se esmerou na bajulação, segundo o relato da Associated Press. Nenhum presidente dos EUA, ou qualquer outro líder mundial, jamais teve a honra de uma segunda visita de Estado ao Reino Unido. “As festividades envolveram 120 cavalos e 1.300 soldados – incluindo a maior guarda de honra de que se tem memória.”
Direito ainda a passeio em carruagem dourada, saudação de gaitas de fole e uma exibição de caças britânicos e norte-americanos. A tiracolo, Trump levou figurões das Big Techs norte-americanas.
Em retribuição, Trump enalteceu a “ligação especial” EUA-Reino Unido, asseverando que “o vínculo de parentesco e identidade” entre ambos “é inestimável e eterno”. Garantiu ainda que EUA e Reino Unido fizeram mais bem para a humanidade “do que quaisquer dois países em toda a história”.
O príncipe Andrew, irmão do rei Charles, não foi vistas nas efemérides, mas foi lembrado. Manifestantes projetaram na noite de terça-feira na torre do castelo real a imagem dele com o pedófilo Jeffrey Epstein, que complementava outra imagem, que acabou tendo mais destaque, a dos best friends de Palm Beach, Trump e Epstein. A projeção, levada a cabo pelo grupo ativista Led by Donkeys, durou nove minutos.
Quase na véspera da visita, Starmer teve de demitir seu embaixador em Washington, Peter Mandelson, por ter vindo a público correspondência do britânico de 2008, manifestando sua “amizade” ao pedófilo, quando da sua primeira prisão.
Segundo o portal Antiwar, Starmer buscará, em sua reunião com Trump na quinta-feira, conseguir dele o cumprimento, afinal, da promessa de maio de redução do tarifaço sobre alumínio e aço de 25% para zero. “Quando se trata de aço, garantiremos que tenhamos um anúncio o mais rápido possível”, disse o secretário de Negócios, Peter Kyle, à BBC no domingo. Afora isso, mais promessas de investimentos, como o desenvolvimento de pequenos reatores nucleares modulares para ajudar a alimentar novos centros de dados de inteligência artificial.