Veja abaixo galeria com fotos do Desfile Militar e manifestações pelos 74 anos da Vitória
A bandeira soviética da vitória, que tremulou há 74 anos sobre o Reichtag, voltou à Praça Vermelha lotada neste 9 de Maio, para a comemoração da derrota da barbárie e obscurantismo nazista, celebrada em Moscou e em cada pedaço da Rússia, para homenagear os 27 milhões que tombaram em defesa da liberdade, da pátria socialista e da Humanidade. As comemorações se estenderam por toda a Rússia, reunindo milhões de pessoas nos atos do “Regimento Imortal”, concertos e queimas de fogos, inclusive em outros países.
13 mil soldados participaram do tradicional desfile do Dia da Vitória, aberto com a chegada do lendário tanque T-34, como há décadas em Berlim. Nas manifestações do “Regimento Imortal”, que acontecem desde 2007 na Rússia e em outros países, as pessoas levam retratos dos seus entes queridos, que tomaram seu lugar de honra e sacrifício na Grande Guerra Pátria. Este ano, no Monumento dos Pracinhas no Rio de Janeiro e na avenida Paulista em São Paulo, veteranos da FEB e descendentes de imigrantes russos realizaram ato pela vitória no dia 5.
Na Rússia e entre os demais povos soviéticos, praticamente não há uma só família que não tenha perdido um filho, uma irmã, um marido, um avô, sob a bestial ocupação nazista e sua guerra de extermínio. Veteranos mais uma vez foram recebidos com todo o carinho pelo povo. Foi para eles a primeira atenção do presidente Vladimir Putin. O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, passou em revista as tropas e se uniu na tribuna ao presidente. Foi feito um minuto de silêncio.
Este ano, a parte aérea do desfile não pôde ocorrer, devido às nuvens muito baixas, o que aliviou os imperialistas de terem de rever em ação a aviação de guerra russa, com suas armas hipersônicas, já mostradas ano passado. Mas os sistemas de defesa antiaérea S-400 e os mísseis Iskander e Yars estavam lá para dissuadir os candidatos a Dr. Strangelove dos tempos modernos. O convidado de honra deste ano foi o ex-presidente do Casaquistão, Nursultan Nazarbayev, um dos principais apologistas da União Euroasiática.
STALINGRADO
Só nos filmes de Hollywood é que o golpe mortal no nazismo foi dado pelos norte-americanos. A um custo inaudito, a União Soviética quebrou a máquina de guerra nazista, que tomara quase como um passeio a maior parte da Europa ocidental. 70 mil cidades e aldeias e dezenas de milhares de fábricas e fazendas foram destruídas. Só em Stalingrado, os russos sofreram mais baixas que todas as dos norte-americanos e ingleses somadas.
Apesar de todos os encenadores de plantão nas capitais ocidentais, não há como ocultar que foi a União Soviética, sob o comando de Josef Stalin, que sustentou o peso do enfrentamento a Hitler; que parou a até então infalível blitzkrieg às portas de Moscou e virou o jogo em Stalingrado; que destroçou 600 divisões alemães, 48 mil tanques e 77 mil aviões, com três milhões de soldados hitleristas mortos. Bem antes do Dia-D, os alemães já estavam em fuga, com os soviéticos marchando a Berlim.
A União Soviética venceu também a batalha econômica, suplantando a produção alemã e de seus satélites. Uma façanha só possível porque a URSS, com Stalin, se dedicara a construir sua indústria pesada no estreito prazo de dez anos – ou fazia isso, ou perderia a guerra.
BALUARTE DA HUMANIDADE
Em seu discurso, Putin expressou a “gratidão ilimitada aos defensores da pátria, que derrotaram o nazismo”. Foi nosso povo – apontou – “quem defendeu, salvou a pátria, tornou-se uma esperança, um baluarte para toda a humanidade, o principal libertador dos povos da Europa”.
Ele rememorou as atrocidades nazistas e sua concepção de ‘raça superior’. “Muitos estados se submeteram a essa força descarada, e a impunidade ofuscou os olhos dos nazistas. Eles pensaram que poderiam, em questão de semanas, subjugar a União Soviética, a Rússia histórica de mil anos”.
O presidente russo destacou como no início de julho de 1941 “mais de cinco milhões de combatentes” haviam se juntado às fileiras. “Sob uma barragem de fogo a leste, centenas de grandes fábricas foram transportadas e, em um tempo sem precedentes, a produção foi restaurada nos Urais, na região do Volga, na Sibéria”.
“A vitória foi forjada por todas as pessoas”, ressaltou, lembrando os defensores da fortaleza de Brest. “Eles lutaram até o último alento, deixaram nas paredes da cidadela a inscrição, que nos parece um juramento e um decreto: ‘morro, mas não me rendo’”. “Este juramento foi adotado pela atual geração de defensores da pátria e é a principal garantia da absoluta confiabilidade e invencibilidade das armas russas”, acrescentou.
“É isso exatamente o que as pessoas pensaram e agiram durante a Grande Guerra Patriótica, lutando por sua pátria nas batalhas decisivas perto de Moscou e em Stalingrado, no bolsão de Kursk e no Dnieper”, assinalou Putin.
“A vitória foi conquistada pela coragem dos participantes na defesa das antigas capitais russas – Kiev e Veliky Novgorod, o destemor dos defensores de Smolensk, Odessa, Sevastopol, a resiliência sem limites dos habitantes de Leningrado sitiada”.
“Muitos deles, muito jovens: entre os que receberam o título de Herói da União Soviética, mais da metade são combatentes com menos de 25 anos de idade. Jamais esqueceremos sua coragem e sacrifício, o preço exorbitante que a vitória custou”, sublinhou.
NÃO AO NEONAZISMO
Putin assinalou, então, como hoje “em vários estados” os acontecimentos da guerra são “distorcidos deliberadamente, com ídolos que serviram aos nazistas” – “mentindo vergonhosamente a seus filhos, traindo seus antepassados”.
O presidente russo então se dirigiu a todos os homens de bem no mundo inteiro, que deram seu quinhão na luta para derrotar o nazifascismo.
“Nós nos curvamos perante todos os veteranos da geração vencedora. Você que mora em diferentes países, mas a façanha que realizamos juntos não pode ser, não deve ser dividida. Nós sempre honraremos todos vocês, glória à vitória, que foi e continua sendo de cada um por todos”.
Putin pediu que se resista ao “terrorismo, neonazismo e extremismo”.
“A resistência coletiva às ideias letais é novamente crucial. Pedimos a todos os países que percebam a responsabilidade compartilhada de criar um sistema de segurança efetivo e igual para todos”, afirmou.
“Nosso povo sabe o que é guerra. Não nos esquecemos de nada, todos nos lembramos e honramos compassivamente o valor dos soldados da Vitória”. Estamos orgulhosos – acrescentou – de nossa solidariedade, estamos contentes que nossos filhos e netos estejam conosco, que possamos lhes dar “uma memória sagrada das realizações heroicas de nossos pais e avós” e ter certeza “de que suas façanhas, suas vitórias, viverão para sempre”.
ANTONIO PIMENTA