A milícia digital bolsonarista vem atacando o general Valério Stumpf, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, que se recusou a participar do golpe organizado pelo ex-presidente Bolsonaro, e agora divulga nas redes sociais que o militar é “informante” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os ataques bolsonaristas aos generais que rejeitaram o golpe vêm desde novembro de 2022, quando eles não entraram na onda golpista. Isso tem provocado indignação no alto comando das Forças Armadas.
A Polícia Federal já revelou que o grupo criminoso chefiado por Jair Bolsonaro tinha um núcleo com a função de “incitar militares a aderirem ao golpe de estado”. Esse núcleo disseminava ataques sistemáticos contra aqueles que se posicionaram contra a ditadura bolsonarista.
O Metrópoles divulgou, no domingo (1), a conversa de um grupo de militares bolsonaristas que acusam, sem qualquer prova, o general Stumpf de ser “informante” Alexandre de Moraes. Essa conversa, segundo o portal, foi entregue pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, à Polícia Federal.
Logo em seguida, diversos perfis nas redes sociais passam a replicar o caso como um ataque contra o general Valério Stumpf.
Uma conta bolsonarista no X (antigo Twitter) escreveu: “Sabem quem é esse MERDA e general? Vou lhes apresentar. Esse é o general Valério Stumpf Trindade. O X9, cagueta, a fifi, a fofoquita, a dona Marocas. O informante de Alexandre de Moraes, desde sempre”. O mesmo texto foi postado por outras contas ligadas ao bolsonarismo.
Os ataques contra Stumpf e outros militares estão sendo feitos desde novembro de 2022 por terem se posicionado contra o plano golpista de Jair Bolsonaro.
O relatório da Polícia Federal sobre o inquérito registra ataques sistemáticos contra os generais Stumpf, Tomás Ribeiro Paiva, indicado por Lula para comandar o Exército, e Richard Nunes, ex-chefe militar do Nordeste. Além deles, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, foi alvo da milícia digital.
Em 15 de novembro de 2022, o coronel Correa Neto, apontado pela PF como membro do núcleo que agia para “incitar militares a aderirem ao golpe de estado”, enviou para um interlocutor uma lista com fotos dos militares que seriam alvo do grupo por serem contra o golpe.
Entre eles, estavam os generais Valério Stumpf, Ricard Nunes e Tomás Paiva.
As redes bolsonaristas passam, então, a atacá-los. “O modus operandi da milicia digital é empregado pela organização criminosa para pressionar, atacar e expor os Generais contrários ao golpe de Estado”, explicou a PF.
Logo no dia seguinte, já havia uma publicação no Twitter atacando os militares citados, novamente divulgando fotos deles.
No mesmo período, o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo citou o nome dos três como traidores do movimento golpista em um programa da Jovem Pan.