Milícia digital de Bolsonaro faz ameaças a senador da CPI: “é confissão de culpa”

Senador Otto Alencar (PSD-BA). Foto: Jefferson Rudy - Agência Senado

O senador Otto Alencar (PSD-BA) relatou que tem sofrido ameaças desde que convocou a primeira reunião da CPI da Pandemia. “O governo tem apelado de todas as formas para desestabilizar a CPI”, afirmou.

“Dia 27 de abril eu convoquei a sessão. Daí em diante meu celular recebeu mensagens, ameaças, mais de 500 mensagens de robôs, de pessoas de outros códigos [de DDD], muitas do Rio de Janeiro, com as coisas mais absurdas na tentativa de intimidação”, contou.

Otto convocou a primeira reunião da CPI por ser o integrante mais velho, com 73 anos.

Os ataques e perseguições virtuais são típicos do comportamento da milícia digital de Bolsonaro. O chamado “gabinete do ódio” escolhe os alvos e direciona contra eles uma milícia digital, que os ameaça e difama.

“O que me chama atenção é esse receio exagerado do governo, quase que uma confissão de culpa pela omissão, pela submissão dos agentes do governo que estavam comandando o Ministério da Saúde”, disse.

“A ciência não se dobra a uma ordem que não seja sintonizada com aquilo que a medicina prescreve. Não pode um profissional de saúde receber determinação, mesmo sendo do presidente, de alguém que não conhece a medicina”, assinalou Otto, que é médico.

Os parlamentares bolsonaristas estão atuando para tentar frear as investigações da CPI, que serão focadas nas omissões e decisões negacionistas do governo Bolsonaro que permitiram o avanço da pandemia no país.

A primeira coisa que fizera foi tentar barrar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) da relatoria da CPI. A ação foi frustrada. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que é próxima de Bolsonaro, conseguiu uma liminar para impedir Renan, mas ela foi suspensa e o senador assumiu a relatoria.

Na terça-feira (28), os senadores Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Pode-CE) entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar Renan Calheiros.

“Para a minha surpresa, três colegas vão ao STF. Também não vai ter respaldo jurídico”. Otto falou que isso é, inclusive, “falta de respeito com o colega [Renan]. Não creio que o Supremo vai tomar essa decisão, me parece muito mais um ato cênico para chamar atenção da mídia e da imprensa”.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia foi instalada na terça-feira (27). O senador Omar Aziz (PSD-AM) foi eleito presidente da Comissão, enquanto Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi eleito vice-presidente. Renan Calheiros foi indicado por Omar para a relatoria.

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Uma resposta

  1. O desespero do desgoverno é flagrante ele sabe o que fez no verão passado, pra essa milicia digital já conhecida têm remédio e bom simplesmente a Constituição, a Polícia Federal e outros órgão da república estão aí para ir atrás destes arruaceiros, justiça neles.

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