De acordo com a assessoria de comunicação do juiz Renato Borelli, centenas de ameaças foram registradas contra ele. O magistrado informou também que já estão sendo tomadas as providências cabíveis contra a ação desesperada e criminosa dessas milícias
O juiz federal Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília, autor do mandado de prisão contra o ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, na quarta-feira (22), denunciou que está sofrendo ameaças de grupos de bolsonaristas apoiadores de Ribeiro e do governo. De acordo com a assessoria de comunicação de Borelli, centenas de ameaças foram registradas.
O escândalo de corrupção envolvendo cobranças de propinas por pastores ligados a Bolsonaro no Ministério da Educação e a prisão do ex-ministro, por quem o chefe do Executivo disse que colocaria “até a cara no fogo”, é uma bomba na campanha bolsonarista que tentava emplacar e imagem fabricada de que não havia corrupção no atual governo.
Para atingir esse objetivo falacioso, qualquer um que denuncie os escândalos de corrupção – que correm no governo Bolsonaro – são perseguidos e ameaçados pelas milícias bolsonaristas. Assim ocorreu, por exemplo, com o servidor do Ministério da Saúde, Luiz Ricardo Miranda, que denunciou o esquema criminoso de propinas na compra da vacina indiana Covaxin, durante a pandemia. Ele foi exonerado e hoje mora com a família fora do país, após sofrer ameaças de morte. Agora, até o juiz está sob ameaças por atender pedido da PF e decretar a prisão do ex-ministro.
Além disso, para tentar emplacar a narrativa falsa, Bolsonaro iniciou, desde o primeiro dia de governo, uma perseguição implacável contra os órgãos de combate à corrupção. Primeiro foi o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). Bolsonaro não sossegou enquanto não anulou a ação do órgão que flagrou e denunciou o assalto que seu filho, Flávio Bolsonaro e seu capanga, Fabrício Queiroz, perpetravam contra os cofres públicos do Rio de Janeiro.
Depois perseguiu funcionários da Receita Federal, que haviam demonstrado que Flávio Bolsonaro havia lavado o dinheiro roubado usando compra e venda fraudadas de imóveis. O órgão descobriu também que o esquema envolvia lavagem de dinheiro através de uma loja de chocolate que ele possuía num Shopping de luxo na Barra da Tijuca. Até a milícia de Rio das Pedras foi usada no esquema crininoso, segundo o Ministério Público do Rio. A mãe e a ex-mulher do chefe da milícia, o capitão Adriano Nóbrega, morto em operação policial na Bahia, eram funcionárias fantasmas do gabinete de Flávio.
Mas, não ficou por aí o cerco que Bolsonaro fez às denúncias de corrupção em seu governo. Assim que pode, ele nomeou Augusto Aras para acobertar as investigações de seu governo na Procuradoria Geral da República. Outra ação de Bolsonaro para acobertar os seus esquemas ilícitos, e de sua família, foi a tentativa de aparelhar a Polícia Federal. Desde o primeiro dia de governo, ele travou uma queda de braço com o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, pelo controle da corporação.
Agora, quando mais um escândalo atinge em cheio o seu governo e atrapalha a sua campanha pela reeleição, as ameaças voltam com força a quem combate a roubalheira no MEC. A informação das ameaças ao juiz foi confirmada pela Justiça Federal. Ainda de acordo com a assessoria de comunicação da Justiça, medidas para inibir as agressões já estão sendo tomadas. Os pedidos de investigação foram encaminhados à Polícia Federal.
O ex-ministro preso deve passar por uma audiência de custódia às 14 horas desta quinta-feira (23). O vídeo da audiência deve ser divulgado em seguida. O acesso às decisões já foi liberado aos advogados envolvidos no caso, de acordo com a Justiça Federal. Milton Ribeiro, que foi autorizado a participar da audiência de forma virtual, foi preso em uma operação da Polícia Federal (PF), que investiga a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do MEC
Foram presos, além de Milton Ribeiro, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, o advogado e ex-assessor do MEC Luciano de Freitas Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu.
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