“Não podemos ficar em total dependência dos EUA e Europa na compra de armas. É muito perigosa a dependência desses países”, advertiu o capitão de fragata da Reserva da Marinha brasileira, Robinson Farinazzo, especialista em segurança
O capitão de fragata da Reserva da Marinha brasileira e fundador do canal “Arte da Guerra“, Robinson Farinazzo, comentou nesta terça-feira (16), em entrevista ao HP, a viagem que o comandante do Exército, general Tomás Paiva, está fazendo à China para estreitar relações do Brasil com o maior parceiro comercial do Brasil também na área militar. “Ele está certo e precisa visitar outros países também, como a Rússia, a China, a Indonésia, etc, para prospectar mercados”, destacou.
DIVERSIFICAÇÃO DE MERCADO
“O Brasil necessita diversificar as suas relações nesta área e eu acho que o Comandante do Exército está correto ao fazer isso”, disse o militar. Ele lembrou que o país só tem comprado armas dos Estados unidos e Europa e, em sua opinião, são essas negociações que precisam ser “analisadas com cuidado”. “Não podemos ficar na total dependência dos EUA e Europa. É muito perigosa a dependência só desses países”, prosseguiu o especialista em segurança.
“A maioria das ONGs que ameaçam a soberania brasileira são americanas e europeias, regiões onde o Brasil mais compra armamentos. São países que ameaçam a nossa soberania, que tentam impor sanções na ONU e por aí vai”, apontou Farinazzo. “Então”, acrescentou o comandante, “o Brasil precisa diversificar mesmo o seu parque militar, fazendo melhores ligações fabris com a China, a Índia, com a Rússia, com a Indonésia e outros países”.
ABIN PRECISA SER MONITORADA
Sobre os acontecimentos da chamada “Abin paralela”, estrutura que foi instrumentalizada por Jair Bolonaro para espionar autoridades e esconder provas de crimes que foram cometidos por seu filho, Flávio Bolsonaro, Farinazzo alertou que as agências não podem caminhar sem o escrutínio dos poderes constituídos, principalmente do Congresso Nacional.
“Se o Legislativo não tiver uma vigilância muito grande, acaba tendo problemas, isso aconteceu nos EUA, no Reino Unido, etc. Por isso essas agências precisam ser monitoradas”. Robinson Farinazzo defendeu que “isso tudo que aconteceu tem que ser investigado”.
Ele argumentou inclusive que “o Congresso Nacional deve acompanhar permanentemente a atuação desses órgãos”. “O país tem que fiscalizar as atividades de inteligência, isso é um perigo”, observou o militar. “As agências têm que estar sob as rédeas da lei. Elas não podem fazer nada ao arrepio do rito democrático. Isso porque é uma ameaça às liberdades individuais no país”, salientou.
“Hoje em dia quem controla a informação controla os rumos do país. Essas agências de inteligência não podem ter muita independência. Os poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, precisam estar vigilantes com essas agências de inteligência. Agora era o momento do Congresso elaborar projetos regulando mais e restringindo esse tipo de atividade. Isso que aconteceu é perigosíssimo para a democracia”, alertou o ex-integrante da Marinha brasileira.
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