Depois das cenas de violência e horror perpetradas por funcionários da Prefeitura do Rio em Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, na sexta-feira (09) na operação de derrubada de quiosques de ambulantes na Praça Miami, a Prefeitura tenta se esquivar e põe toda a culpa nos funcionários pelo “uso desproporcional da força”. A nota divulgada diz que o prefeito condena os “excessos cometidos durante operação”.
Mas o prefeito não consegue dar uma explicação convincente de como uma operação de despejo da Prefeitura seria feita de outra forma. Ou seja, se a ordem era o despejo, é compreensível que os funcionários chegassem no local preparados, com ferramentas, retroescavadeira, etc. O que a administração Crivella deveria ter feito, ao invés de enviar os funcionários para despejar os ambulantes do local, era abrir o diálogo com os moradores e comerciantes da comunidade. Esta era a reivindicação da população local. Moradores disseram que brigam há muito tempo pela regularização de seus locais de vendas na Praça Miami e que foram pegos de surpresa com a derrubada dos quiosques. Muitos deles estão desesperados porque perderam o sustento de suas famílias.
O Comando Militar mostrou-se surpreso com a operação e informou, através de nota, que tinha convidado a Prefeitura para ações conjuntas na região, mas não sabia que seriam derrubados barracos e quiosques na Praça Miami. Os moradores viram a presença do Exército com uma retaguarda para a derrubada dos quiosques. Uma reunião já está marcada para a próxima semana para que, segundo os militares, haja maior harmonia na atuação nas comunidades do Rio de Janeiro.
O secretário da Casa Civil, Paulo Messina, chegou ao cúmulo de dizer que o prefeito Marcelo Crivella não sabia de nada sobre a operação. Não é crível que a Prefeitura não soubesse o que exatamente a Secretaria de Ordem Pública (Seop) iria fazer naquela localidade. O chefe do Executivo municipal já havia tentado passar a culpa para a Polícia Militar dizendo que ela teria solicitado a operação por conta de supostas atividades criminosas nos quiosques. Também não parece que seja uma atitude adequada derrubar os quiosques por conta de suspeitas desse tipo.
Para tentar consertar o estrago, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, decidiu receber neste sábado (10), um grupo de comerciantes que trabalhavam nos quiosques da Praça Miami. O local foi alvo de uma operação de ordenamento urbano da Prefeitura, onde agentes fizeram a retirada dos estandes. O encontro ocorreu no Palácio da Cidade, em Botafogo, Zona Sul. Esse encontro deveria ter ocorrido antes da destruição.
Donos das barracas confirmaram que tentam a regularização do espaço há muito tempo. “Nós fomos lá, protocolamos, fizemos tudo, já fizemos o curso que eles mandaram a gente fazer. Eles ficaram de mandar para gente e iriam avisar quando fosse mudar. Até hoje não ajudaram em nada”, disse um dos comerciantes.
“Minha fonte de renda, única fonte de renda que eu tenho, eu tenho cinco filhos pequenos, cinco. Eu não sei o que que eu vou fazer amanhã. Não sei nem o que eles vão comer amanhã”, lamentou outra vendedora.
Na nota da Prefeitura, Crivella reforçou que “repudia esse tipo de comportamento”, referindo-se às equipes que retiraram os quiosques. O prefeito determinou o afastamento imediato dos funcionários envolvidos e a realização do cadastramento dos comerciantes para imediata realocação.
Trocando parônimas, HP?!
Obrigado pela observação, leitor. Já corrigimos.
Como sempre a corda arrebenta do lado mais fraco. A culpa recaiu sobre os funcionários, que obedecem ordens. Os gestores e o administrador público, ficam numa boa.