Militares e Congresso põem Bolsonaro na parede e Mourão vai para a Argentina

Vice-presidente Hamilton Mourão (foto: reprodução de rede social)

Jair Bolsonaro prejudicou mais uma vez os interesses do Brasil ao bater o pé e anunciar que não mandaria nenhum representante do país na festa de posse do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández. O país vizinho é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China e dos EUA.

O pretexto para a “birra” que fez Bolsonaro decidir não mandar ninguém é que Fernández havia convidado Evo Morales, destituído do governo da Bolívia por um golpe após ser eleito em primeiro turno nas eleições presidenciais daquele país, e Raul Castro, ex-chefe de Estado de Cuba. Bolsonaro disse que os convidados não eram de seu agrado.

Precisou que diversos parlamentares, os militares, os empresários brasileiros, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia e os setores menos toscos do governo encostassem Bolsonaro na parede para que ele recuasse de sua teimosia.

A solução para o “impasse” foi a escolha do vice-presidente Hamilton Mourão para representar o Brasil na posse do novo residente da Argentina. “Achei melhor enviar (Mourão) para não dar a entender que estamos fechando as portas à Argentina”, admitiu Bolsonaro.

Questionado sobre o imbróglio todo e sobre a mudança de última hora, Bolsonaro saiu com a seguinte explicação: “(Foi) porque eu decidi”. “Vocês falam em recuo o tempo todo, como se o governo que dá cabeçada por aí. O recuo… às vezes você toma uma decisão antes de acontecer, né”, disse Bolsonaro.

Ele comparou o caso a um jogo de futebol: “Você vê técnico de futebol, muitas vezes o cara tá ali para entrar em campo, o cara se machuca, não é que errou, aconteceu um imprevisto. E na política tem imprevisto a todo momento”.

Na diplomacia, é só ter em conta conceitos básicos e simples como a autonomia de cada país e a política de não intervenção nos assuntos internos de nações soberanas, que nenhum imprevisto como este acontecerá. Bolsonaro simplesmente não cultua esses princípios.

Hamilton Mourão disse, nesta terça-feira (10), que a foi preciso lembrar a importância da economia argentina para que a teimosia do presidente fosse quebrada. De acordo com Mourão, Bolsonaro acabou tendo que levar em consideração o fato de a Argentina ser o terceiro parceiro comercial do Brasil.

Alberto Fernández é um peronista, corrente política ligada ao general Juan Perón, que foi presidente da Argentina duas vezes na década de 1950 e uma terceira nos anos 1970.

Fernández chegou ao poder depois de quatro anos de política neoliberal de Maurício Macri, o preferido de Bolsonaro, que devastou a economia argentina.

A parcela da população do país classificada como pobre passou de 29,2%, no terceiro trimestre de 2015, para 33,6% no mesmo período de 2018. Bolsonaro queria que Macri continuasse a destruir a economia argentina, mas o povo daquele país não se submeteu e expulsou o capacho do poder.

O que irritou Bolsonaro e fez ele embirrar com a posse é que seu “amigo Macri, que saiu escorraçado pelas urnas, é da mesma linha de Paulo Guedes. Os dois defendem a mesma submissão aos agiotas da especulação financeira e aos EUA.

Na Argentina essa política deixou o país com uma elevadíssima dívida em dólares, a economia em retrocesso, inflação descontrolada (superior a 50% por ano), desemprego acima de 10% e uma pobreza que já supera 40% e afeta 16 milhões de argentinos, de acordo com os dados publicados pela Universidade Católica poucas horas antes do discurso presidencial.

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