Além disso, haverá um processo de “despolitização dos quartéis” após a era Bolsonaro, diz o general Tomás Paiva
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, informou a autoridades em Brasília que sua orientação é para que todos os militares envolvidos nos atos de 8 de janeiro, por dolo ou omissão, sejam punidos. Além disso, a ideia do novo comandante, segundo relatos de fontes do governo, é também rever processos internos e liderar um processo de despolitização dos quartéis após a era Bolsonaro.
O Exército já está conduzindo as apurações internas sobre se houve omissão ou participação de militares nos fatos ocorridos em 8 de janeiro. Há fortes indícios de que alguns militares deixaram de cumprir suas obrigações na defesa das sedes dos Três Poderes, atacadas por terroristas ligados a Bolsonaro. Segundo o comandante do Exército, a regra será não poupar ninguém. Ele pondera, no entanto, que também não pretende fazer alarde.
O general Tomás tem buscado autoridades de outros Poderes com o intuito de distensionar as relações entre os militares e as demais instituições. Durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro as tropas foram assediadas pelo chefe do Planalto no sentido de aderirem a seus planos golpistas. Várias crises ocorreram, inclusive com demissão de comandantes que não aceitaram se submeter ao golpismo.
O general vem fazendo um trabalho no sentido de superação e faz questão de deixar claro que o tempo de hostilidades ficou para trás. A ideia é também rever processos internos e liderar um processo de despolitização dos quartéis após a era Bolsonaro.
O militar defende que os integrantes da Força que de alguma forma atuaram nos atos golpistas de 8 de janeiro recebam punições exemplares. Ele também reafirmou a ideia de que as Forças Armadas são instituições de estado e não de governo e que elas têm compromisso com estado democrático de direito e com a Constituição.
A punição exemplar de militares envolvidos no 8 de janeiro deverá ser uma linha do atual comando, até mesmo para mostrar a diferença em relação ao fato de o Exército não ter punido o general Eduardo Pazuello quando ele subiu em um palanque no Rio de Janeiro com o então presidente Jair Bolsonaro.
Durante o processo eleitoral, o general defendeu no Alto Comando que o Exército deveria assegurar a posse do presidente eleito sem sobressaltos e que eventuais contestações de resultados eleitorais deveriam ser endereçadas à Justiça Eleitoral, e não às Forças Armadas. Essa posição acabou sendo majoritária no colegiado, mas fez com que ele e outros generais, como o comandante militar do Nordeste, Richard Nunes, e o chefe do Estado-Maior, general Stumpf, virassem alvo de ódio das redes sociais bolsonaristas