
Tripulação de 500 marinheiros foi transferida para outros navios russos no Mar Negro
O ministério da Defesa russo anunciou que o cruzador de mísseis Moskva (Moscou) naufragou na quinta-feira (14) em águas turbulentas quando era rebocado para o porto de Sebastopol, após incêndio e explosão a bordo que danificou seriamente o casco e cuja causa ainda resta determinar. O regime de Kiev já atribuiu a um ataque com dois mísseis ucranianos subsônicos Neptune.
Coincidentemente, ou não, o Ministério da Defesa russo na sexta-feira (15) anunciou que um bombardeio já destruiu, em Kiev, a fábrica de mísseis Neptune.
Todos os 500 marinheiros a bordo já haviam sido transferidos para outras embarcações russas. Em Sebastopol, na Crimeia, foi realizada uma cerimônia de despedida ao Moskva.
O Moskva, que entrou em serviço em 1982 nos tempos soviéticos, no governo de Brezhnev, era a nau-capitânea da frota russa do Mar Negro, e sua perda será usada para buscar tentar contrabalançar, em termos de guerra de propaganda, a vitória russo-antifascistas do Donbass em Mariupol, principal reduto do Batalhão Azov.
INCÊNDIO E EXPLOSÃO DE PAIOL DE MUNIÇÃO
A informação inicial do porta-voz russo era de que a embarcação estava “danificada”, mas não afundara. “A fonte de ignição no cruzador Moskva está localizada. Não há fogo aberto. Explosões de munição foram interrompidas”. Acrescia que o navio permanecia flutuante e que “o principal armamento de mísseis” não havia sido comprometido. “Estão sendo tomadas medidas para rebocar o cruzador até ao porto. A causa do incêndio está sendo estabelecida”.
Ainda na quinta-feira, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse à MSNBC que “pelas imagens que pudemos ver – parece que foi uma explosão bastante considerável também. Não sabemos o que causou essa explosão.”
“Certamente, poderia ter sido dano de alguma força externa, como um míssil ou um ataque de algum tipo, um torpedo ou algo assim. Mas também pode ser algo que acontece dentro do navio – um incêndio de engenharia, um incêndio de combustível. Você simplesmente não sabe”, assinalou.
De acordo com a Wikipedia, a ogiva do míssil Neptune que o regime de Kiev alega ter usado para acertar o Moskva é “de 150 kg” e “velocidade subsônica”. Ainda segundo a Wikipedia, “estima-se que, devido à sua velocidade subsônica, esse míssil antinavio possa ser interceptado com bastante facilidade, principalmente por um sistema de defesa avançado”.
Conforme o portal The Saker, como o Moskva desloca 12.490 toneladas, “então vou assumir que cada pessoa que ler isso entenderá que ogivas subsônicas de 2×150 kgb não são suficientes para afundar tal navio”.
NEPTUNE ?
O respeitado portal registra que, como o espaço eletromagnético sobre a costa ucraniana e o Mar Negro está repleto de sinais de todas as partes em conflito, o lançamento de dois Neptune “teria sido instantaneamente detectado não apenas pelos russos mas também pelos EUA/Otan”.
Ainda segundo The Saker, o navio ficou claramente muito danificado, o que, de acordo com postagens de ex-integrantes da marinha russa no Telegram, “provavelmente se deve a dois fatores cruciais: o navio é muito antigo e não recebeu um sistema moderno de supressão de incêndio”.
O portal se referiu ao comentário de Kirby mencionando “torpedos”, já que a (agora desativada) Marinha ucraniana “não possui submarinos ou navios de superfície para disparar torpedos”.
ODESSA E GÁS NEON
O portal South Front acrescentou outros dados e avaliações sobre a questão, inclusive de que deverá se exacerbar a luta pelo controle do litoral ucraniano no sul, no Mar Negro, entre outras razões pelo fato de que o bloqueio naval russo a Odessa “é desastroso para a economia ucraniana e ocidental”, como no caso da “interrupção do embarque de néon” imprescindível para a indústria global de semicondutores.
Assevera o portal que o ataque foi conduzido “em total cooperação” com a Otan, o que seria mostrado por dados de monitoramento aéreo, com a presença na área do Mar Morto de avião britânico de reconhecimento RC-135 e de drones RQ-4 Global Hawk norte-americanos, em momentos diferentes.
Teria partido daí a confirmação sobre a presença do Moskva. O portal acrescenta que o sistema Neptune – que deriva de um projeto soviético – foi modernizado com o uso de microeletrônica militar ocidental, se tornando capaz de receber designação de alvos externos de aviões de reconhecimento da Otan.
“De acordo com vários relatos, o ataque ao cruzador também envolveu drones Bayraktar, que serviram para distração da Marinha Russa”, assinalou.
A hipótese de um incêndio por acidente em um navio entupido de armamento e combustível não pode ser desconsiderada de antemão, já que o Moskva, ao contrário do seu navio irmão, o Marechal Ustinov, não passou por modernização.