
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) está apurando o caso da exposição de réplicas de armas de fogo em uma escola particular em Santa Catarina. Na segunda-feira (19), começaram a circular vídeos da quermesse realizada no último fim de semana no Colégio Maria Imaculada na cidade de Curitibanos. Nas imagens é possível ver um estande dedicado a armas e roupas militares.
“A Promotoria de Justiça da Infância e Juventude autuou uma notícia de fato para obter informações preliminares para subsidiar outras providências que possam vir a ser adotadas”, informa o órgão em nota.
“Neste momento, o objetivo do Ministério Público é angariar informações para subsidiar outras providências que se demonstrarem necessárias”, explica o Promotor de Justiça Otavio Augusto Bennech Aranha Alves.
O Ministério Público questiona a finalidade da exposição, o modelo das armas, o nome da empresa responsável e como foram manejados os objetos pelo público presente. O MP também quer saber o tipo de parceria firmada entre a escola e a empresa de armas e outros elementos considerados importantes para a apuração dos fatos. Foi estabelecido um prazo de até 48 horas para o estabelecimento se manifestar.
O acontecimento repercutiu nas redes sociais, com críticas dos internautas. “Alimentando o fetiche dos que sonham em entrar na escola atirando”, disse um perfil. “Depois acontecem as tragédias e falam que é falta de Deus”, disse outro. “É escola da Rede Azul, mantida pelas chamadas “Irmãs Azuis”. Onde está o carisma de Jesus Libertador que elas tanto falam?”
“Diante dos lamentáveis acontecimentos ocorridos em escolas brasileiras, especialmente catarinenses, é preciso cautela na condução do caso”, defende o Promotor de Justiça.
Veja as imagens da festa:
À reportagem do HP, a escola se limitou a dizer que “o Colégio Maria Imaculada vem a público lamentar que notícias distorcidas tenham sido divulgadas com o único propósito de difamar a sua imagem”. Em uma nota em papel timbrado com o logotipo do estabelecimento enviado por e-mail, que seria da direção da unidade, a escola não respondeu por que decidiu realizar a – no mínimo – estranha exposição. Também não explicou se há respaldo na lei que permita que uma instituição educacional faça publicidade de armas de fogo.
“Repugnamos veementemente tais notícias e comentários carregados de “fake news”, oriundas de quem não buscou conhecer a verdade, mas apenas causar o pânico e prejudicar quem há anos preza pela boa educação, ética e respeito”, continua a nota. A direção não negou o ocorrido e também não esclareceu por que classifica de falsas as notícias publicadas pela imprensa sobre o episódio.
Além disso, o colégio também não comentou o questionamento da reportagem sobre se os responsáveis pela escola entendem ser adequado expor armas em um evento público de uma instituição de ensino, exatamente em um momento em que fatos recentes dão conta de diversos episódios violentos contra escolas, com invasões ao interior das unidades, resultando em mortes – inclusive o que aconteceu em Cambé, no Paraná, nesta semana.
A direção da unidade, nos moldes “cidadão de bem”, ressaltou que “vale lembrar que somos uma instituição religiosa de educação que preza pela seriedade, segurança, liberdade e ensino de qualidade”, prossegue a nota enviada por e-mail.
Além de não esclarecer os fatos, a direção do Colégio Maria Imaculada ainda intimidou a imprensa, dizendo que vai acionar judicialmente os “incitadores de fake News”. “Estamos tomando providências jurídicas e judiciais para responsabilizar os incitadores e demais divulgadores de tais “fake news”, diz o texto.
CAMBÉ
Na segunda-feira (19), um indivíduo de 21 anos de idade invadiu uma escola estadual no Paraná e atingiu a estudante Karoline Verri Alves, de 17 anos, que morreu baleada na cabeça. Outro aluno, Luan Augusto, de 16 anos, foi baleado também na cabeça e morreu no hospital.
Preso, o assassino foi encontrado morto na Casa de Custódia de Londrina na noite de terça-feira (20), segundo a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp). A causa da morte ainda não foi revelada.