
O Ministério Público do Japão exigiu que, para ser solto, Carlos Ghosn, ex-executivo da Nissan, confesse sua culpa pelos vários crimes cometidos contra a corporação Nissan- Renault. O empresário – que há quase duas décadas ajudou a orquestrar a união entre a francesa Renault e a japonesa Nissan – é acusado de ocultar pagamentos milionários e jogar na contabilidade da empresa prejuízos de aplicações pessoais e ainda cometer irregularidades fiscais, fraudando sua declaração de renda e usando recursos corporativos em benefício próprio.
De acordo com seu filho, Anthony Ghosn, a confissão ainda teria de ser escrita em japonês, idioma que o pai, de origem brasileira, não domina. Anthony disse que Carlos tem duas opções: negar as acusações ou “confessar e ser libertado”.
O filho reclamou da morosidade do sistema judicial japonês no qual a Promotoria do caso comunica paulatinamente os elementos acusatórios, o que faz com que a defesa ainda não possa “ter uma visão completa do dossiê”. Segundo Anthony, isso faz com que a audiência da próxima terça-feira tenha uma importância chave, pois será a primeira vez que o pai comparecerá frente a um juiz desde que os advogados pediram para tomar conhecimento das acusações. Serão apenas dez minutos para que ele fale, revelou o filho, mas “todo mundo ficará bastante surpreso ao ouvir sua versão”.
Desde que foi preso em 19 de novembro do ano passado, o ex-CEO já perdeu dez quilos, informou o filho, frisando que as condições da prisão “não são muito” boas.
O jornal japonês Nikkei informou que, entre outros graves delitos, Carlos Ghosn é acusado de ter usado unidades da Nissan na Holanda para dissimular pagamentos de US$ 17,8 milhões para a compra de um imóvel de luxo num condomínio no Rio de Janeiro, onde passou sua infância, além de uma casa em Beirute, onde terminou o colegial.