O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília instaurou um procedimento investigativo criminal a fim de apurar suspeitas de fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais praticadas pelo economista Paulo Guedes – que já foi anunciado por Jair Bolsonaro (PSL) como seu ministro da Fazenda, caso seja eleito.
Segundo as investigações, existem indícios de associação entre o guru de Bolsonaro e gestores de fundos de pensão, ligados ao PT e ao MDB, com o objetivo de cometer “crimes de gestão fraudulenta ou temerária de instituições financeiras e emissão e negociação de títulos sem lastro ou garantias”.
Informações divulgadas pelo jornal “Folha de S.Paulo” revelam que Guedes captou ao menos R$ 1 bilhão de entidades como a Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e BNDESPar, braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
As transações foram feitas a partir de 2009 com executivos indicados pelos dois partidos, que, atualmente, são investigados por desvio de recursos dos fundos. Na época, a Previ era gerida por Sérgio Rosa, e o Petros, por Wagner Pinheiro – ambos militantes do PT ligados a Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o Postalis estava sob o comando de Alexej Predtechensky, cujos padrinhos políticos eram do MDB.
Os negócios foram feitos pela BR Educacional Gestora de Ativos, de propriedade de Paulo Guedes, que lançou dois fundos de investimento. Entre 2009 e 2013, um deles – o Fundo de Investimento em Participações (FIP) BR Educacional – obteve 400 milhões de reais para projetos educacionais. Os investigadores apuram se o negócio foi aprovado sem análise adequada e gerado ganhos excessivos.
De acordo com a “Folha”, no primeiro ano de aporte, o dinheiro aplicado pelos fundos de pensão (cerca de R$ 62 milhões) foi injetado em uma única empresa, a HSM Educacional S.A., que também tinha Guedes como controlador.
A HSM Educacional S.A. adquiriu de um grupo argentino 100% de participação em outra companhia, a HSM do Brasil, cujas ações não eram negociadas em Bolsa e, por isso, foram precificadas por um laudo. Nessa operação, foram pagos R$ 16,5 milhões de ágio pelas ações, embora a empresa não estivesse em operação no país e fosse apenas uma marca.
O objetivo do empreendimento era obter lucros com projetos educacionais. A empresa, porém, apresentou prejuízos, principalmente por causa das remunerações dessas palestras. Na época, Paulo Guedes fazia conferências promovidas pela HSM. Os investigadores tentam rastrear o dinheiro desses eventos para saber quem os recebeu.