Ministério Público vai investigar “laranjal” de auxiliar de Bolsonaro em Minas

Marcelo Álvaro Antônio na posse de Jair Bolsonaro em Brasília

Marcelo Álvaro Antônio, que presidiu o PSL de Minas Gerais, pediu ao partido o repasse de R$ 279 mil do fundo eleitoral para candidatas que somaram apenas 2 mil votos

A Procuradoria-Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu investigar o caso das quatro candidatas a deputada federal e estadual laranjas do PSL de Minas Gerais vinculadas ao atual Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Apesar de todas elas aparecerem entre as vinte campanhas mais caras do partido, o desempenho eleitoral das candidatas foi pífio: somaram somente 2.097 votos.

O chefe do Ministério Público eleitoral do estado, Angelo Giardini de Oliveira, encaminhou o caso para apuração da Promotoria Eleitoral afirmando que “os fatos narrados podem configurar crimes de apropriação indébita eleitoral e falsidade ideológica eleitoral. Segundo o procurador, o órgão colheu o depoimento prestado pela candidata Cleuzenir Barbosa acerca de ameaças sofridas por ela para que restituísse ao partido parte da verba recebida do Fundo Partidário”, escreveu Angelo Giardini.

Ele requereu ainda à Justiça, dois dias depois, o congelamento por oito meses do trâmite da prestação de contas de campanha das candidatas, a fim de que as apurações criminais sejam levadas em conta nessa análise. “É certo que as diligências realizadas pelo promotor eleitoral podem impactar significativamente o reconhecimento da regularidade da destinação dos recursos pelas candidatas”, escreveu.

O procurador refere-se ainda a dois outros fatos para embasar as investigações. Denúncia formulada por uma associação de Coronel Fabriciano (MG) contra as candidatas e o ministro e registro de boletim de ocorrência e depoimento prestado ao Ministério Público de outra candidata, de Governador Valadares (MG), em que ela afirma ter sido coagida por dois assessores de Álvaro Antônio a desviar para uma gráfica ligada ao parlamentar a maior parte do dinheiro que ela havia recebido dos cofres públicos.

Marcelo Álvaro Antônio, que presidiu o PSL de Minas Gerais, pediu ao partido o repasse de R$ 279 mil do fundo eleitoral para candidatas que somaram apenas 2 mil votos, mas repassaram, ao menos R$ 85 mil para empresas ligadas aos assessores do atual ministro.

O valor foi solicitado por Marcelo Álvaro Antônio ao partido nacional e se refere aos 30% que os partidos devem destinar às candidaturas femininas. Nesta época o partido era dirigido por Gustavo Bebiano, coordenador de Bolsonaro e atual Ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

O desvio de recursos públicos destinados ao PSL se deu por meio das contratações e serviços realizados por Lílian Bernardino em sua campanha. A mesma prática teria sido adotada por outras três candidatas: Naftali Tamar, Débora Gomes e Camila Fernandes, todas de Minas Gerais.

Uma das ex-candidatas, Débora Gomes, recebeu R$ 72 mil para realizar sua campanha eleitoral e obteve apenas 885 votos. Do valor recebido, gastou R$ 30 mil em empresas cujo dono é Reginaldo Soares e R$ 7,6 mil em outra de Mateus Von Rondon. Além disso, gastou R$ 10 mil em uma empresa cuja dona é sócia de Reginaldo na anterior.

Outra que recebeu R$ 72 mil foi Mila Fernandes, e esta recebeu 324 votos. Em seus gastos declarados à Justiça Eleitoral, constam R$ 4,9 mil para Mateus. A ex-candidata Lilian Bernardino é bastante próxima de Haissander Souza de Paula, que foi assessor no gabinete de Marcelo de 2017 até o início deste ano.

Lilian recebeu R$ 65 mil da direção nacional do PSL, mas obteve apenas 196 votos. Deste total, R$ 14,9 foram para duas empresas de Reginaldo Soares, outros R$ 10 mil para a empresa de sua sócia e R$ 11 mil para a empresa de Mateus Von Rondon. Por fim, a ex-candidata Naftali Tamar recebeu R$ 70 mil do partido, recebeu 669 votos e pagou R$ 9 mil para uma empresa de Mateus.

https://https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2023/07/Batmovel-1.jpg.org.br/candidata-laranja-de-bolsonaro-recebeu-400-mil-para-campanha-que-nao-fez/O ministro de Bolsonaro, que agora será investigado, foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2014 pelo PR. Manteve-se no partido até janeiro de 2018, quando o trocou pelo PSL de Jair Bolsonaro. A assessoria do ministro afirmou que Álvaro Antônio desconhece a investigação. “Caso ela seja aberta, será uma ótima oportunidade de esclarecer os fatos e provar que o ministro sempre agiu estritamente dentro da lei.”

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