Enel anunciou, no último sábado (4), que o fornecimento de energia em São Paulo vai ser majoritariamente restabelecido só terça-feira (7)
“O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, vai notificar a concessionária de energia elétrica em São Paulo para explicar a interrupção nos serviços essenciais. Outras iniciativas serão anunciadas pelo secretário @wadih_damous”, escreveu o ministro da Justiça, Flávio Dino, na plataforma digital X, o antigo Twitter.
Sem energia há mais de três dias, a Enel anunciou, no último sábado (4), que o fornecimento de energia em São Paulo vai ser majoritariamente restabelecido até terça-feira (7). Cerca de 1 milhão de endereços estão sem luz na cidade de São Paulo de um total de 1,4 milhão de atingidos na capital.
Há relatos de imóveis sem luz há mais de 24 horas. Os impactos são maiores especialmente nas zonas Sul e Oeste, em bairros como Morumbi, City América, Paraíso, Rio Pequeno, Santo Amaro, Vila Romana, Campo Belo e Butantã, dentre outros.
PROBLEMAS
A concessionária não descarta que alguns problemas permaneçam após terça-feira. Segundo Vincenzo Ruotolo, diretor responsável pela execução do serviço em São Paulo, cerca de 1,5 milhão de clientes seguem sem energia nos municípios atendidos pela Enel.
O serviço foi restabelecido em 550 mil endereços. O evento extremo, segundo a Enel, afetou aproximadamente 2,1 milhões do total de endereços atendidos pela concessionária em 24 municípios.
A prioridade é de atendimento a hospitais e serviços essenciais. A Enel se comprometeu e garantiu o fornecimento de energia em todas as escolas que aplicaram as provas do Enem neste domingo (5). A concessionária identificou que 84 pontos de aplicação do exame estavam com falta de luz.
As fortes chuvas deixaram ao menos 6 pessoas mortas no Estado, das quais 2 na capital, na Zona Leste. Mais de 40 municípios tiveram ocorrências por queda de árvores. Somente na capital paulista, foram mais de 1,4 mil chamados.
ENERGIA PRIVATIZADA E PANACEIA PRIVATISTA
Apontada como solução para os problemas dos serviços públicos supostamente ineficazes, muito em razão de desinvestimentos do Estado, a falta de energia em São Paulo durou por cerca de 4 dias, revela que a privatização desses serviços, apresentados como panaceia, não passa de discurso oco dos governantes e privatistas de plantão.
Desde 2019, a concessionária privada Enel já cortou 36% dos funcionários da ex-estatal de distribuição de energia de São Paulo, enquanto o volume de clientes atendidos pela distribuidora cresceu 7% na região metropolitana.
Após adquirir a antiga Eletropaulo, em 2018, a companhia italiana atuou para o desmonte no quadro de funcionários da empresa. Em 2019, eram 23.835 funcionários, destes, 17.367 eram terceirizados e 6.468 próprios da empresa.
No terceiro trimestre deste ano, a distribuidora contava com apenas 15.366 empregados, sendo 3.863 próprios e 11.503 terceirizados, segundo levantamento feito pelo canal CNN, com dados apresentados pela companhia italiana à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
ALTO VOLUME DE DEMANDAS
A Enel alegou que a dificuldade de atendimento nos canais de call center foi motivada pelo alto volume de demandas. Também respondeu que os problemas no aplicativo foram pontuais, mas que foram resolvidos. Clientes têm reclamado da dificuldade de obter informações e registrar problemas desde a última sexta-feira (3).
A concessionária afirmou que vai contatar os clientes por número de telefone ou e-mail a respeito dos trabalhos de restabelecimento do serviço. Também destacou que aqueles que tiveram aparelhos eletrônicos afetados poderão pedir o ressarcimento pelos canais oficiais.
“SITUAÇÃO EXCEPCIONAL”
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) destacou que os ventos superiores a 100 km/h chegaram à maior velocidade já registrada pelo CGE (Centro de Gerenciamento da Metrópole), desde 1995, quando esses dados começaram a ser computados. “Foi uma situação excepcional. Muito fora do contexto.”
Segundo ele, foram abertos 618 chamados na Prefeitura por problemas na iluminação pública, dos quais 513 foram resolvidos. No caso de semáforos, 247 seguem com falta de energia, 20 tiveram problemas nos equipamentos e 284 foram restabelecidos.
O prefeito também salientou as cerca de 1,4 mil ocorrências de quedas de árvore. Em julho, por exemplo, em outro evento extremo após a passagem de ciclone pela região Sul, cerca de 300 chamados foram abertos. Nunes justificou que as quedas de árvore também exigem desligamentos temporários de energia para a segurança das equipes envolvidas.
O prefeito afirmou que cerca de 1,4 mil pessoas trabalham na dinâmica de corte de árvores e outras 1,9 mil na limpeza. No Parque do Ibirapuera, 128 árvores caíram, o que motivou o fechamento do espaço no último sábado (4). “Estamos trabalhando para restabelecer a cidade o quanto antes. Esperamos que, até terça, tenha essa situação resolvida. Pode ter algum ponto ou outro para corrigir depois.”
SOBREAVISO PARA ATENDER OCORRÊNCIAS
Nunes disse que, apesar do cenário atual de problemas em diversos pontos da cidade, foi possível observar um “avanço” das ações da Prefeitura, como na área de drenagem e prevenção a deslizamentos.
Questionado sobre a prevenção aos impactos diante da previsão de fortes rajadas, afirmou que equipes estavam de sobreaviso para atender ocorrências.