O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, divulgou nesta quarta-feira (24), Dia Nacional do Aposentado, um vídeo em “comemoração” à data, em que pedia aos aposentados que “ajudem” o governo a aprovar a reforma da Previdência.
O ministro, que aparentemente não tem vergonha na cara, defendeu que “precisamos, sim, saudar, homenagear, agradecer a vocês [os aposentados], mas também pedir que vocês nos ajudem a ajudar vocês”, referindo-se ao peso que a categoria tem na sociedade e como poderia ser utilizado para “apoiar” a medida.
A reforma da Previdência estipula idade mínima de 62 anos para as mulheres e 65 para homens, exige contribuição mínima de 15 anos para se aposentar com apenas parte dos benefícios e 40 anos para receber contribuição integral. A reforma também dificulta o acesso às pensões por morte ou invalidez e diminui o valor dos benefícios.
Padilha foi a público aterrorizar a população com a história mentirosa do déficit [ver matéria nesta página], de que sem a reforma as aposentadorias não poderão mais ser pagas no futuro, e “é importante não para o atual governo , é importante para o Brasil”.
A agenda do governo prevê a votação da PEC 287, que institui a reforma, no próximo dia 19, mas até agora há compromisso de voto de apenas 275 deputados, segundo o deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da matéria. Para ser aprovada, são necessários 308 votos.
Vale lembrar que o próprio Padilha se aposentou aos 53 anos de idade e recebe benefício de R$ 19 mil, além do salário de ministro.
E não apenas isso. No início do ano passado o ministro estampou as páginas policiais após relato do empresário José Yunes, ex-assessor especial e um dos melhores amigos do presidente Michel Temer. Yunes contou à Procuradoria-Geral da República que recebeu, a pedido de Padilha, um “pacote de dinheiro” em seu escritório entregue pelo doleiro Lucio Funaro, operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 2014, durante campanha eleitoral.