“As Forças, mais do que ninguém, têm absoluto interesse de estar do lado do zelo da democracia, vamos ter uma chance de dizer que fazemos parte desse conjunto, que respeitamos os preceitos que a Constituição reza”, destacou José Múcio
O ministro da Defesa José Múcio afirmou, nesta terça-feira (23), que ele e as Forças Armadas brasileiras estão à disposição da Justiça Eleitoral para atuarem no pleito deste ano e que querem zelar pela democracia. “Estou à disposição, as Forças Armadas estão à disposição, precisamos fazer um trabalho desde cedo, um jogo combinado, precisamos de sugestões, o que nós podemos fazer para melhorar”, afirmou.
A afirmação foi muito bem recebida nos meios políticos e na sociedade em geral, principalmente depois que as hordas fascistas de Jair Bolsonaro tentaram envolver grupos de militares em sua aventura contra a democracia e a Constituição nas últimas eleições. “As Forças Armadas, mais do que ninguém, têm absoluto interesse de estar do lado do zelo da democracia, vamos ter uma chance muito grande de dizer que fazemos parte desse conjunto, que respeitamos os preceitos que a Constituição reza para que sejam nossos”, prosseguiu Múcio.
O ministro falou na abertura do ciclo de audiências públicas realizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir normas e regulamentações a serem aplicadas nas eleições de 2024. A vice-presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, comandou as discussões. Também participaram do evento a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e os ministros do TSE André Ramos Tavares, Edilene Lobo e Isabel Gallotti.
Bolsonaro tentou obrigar as FFAA a entrarem no clima golpista e declararem que as urnas eletrônicas não eram seguras. Na ocasião, a Corte rejeitou as “sugestões” feitas pelos militares bolsonaristas ao processo eleitoral. O tribunal chegou a apontar erros de cálculo no documento enviado pelo grupo escolhido por Bolsonaro para questionar a segurança das urnas e informou que várias das medidas indicadas já eram adotadas.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou, na ocasião, que as Forças Armadas são indispensáveis para a organização do processo eleitoral. Porém, argumentou que a participação da entidade na fiscalização do sistema eletrônico é incompatível com suas atribuições.
“Não se mostrou necessário, razoável e eficiente a participação das Forças Armadas. Demonstrou-se absolutamente incompatível com as atribuições constitucionais, e também a participação na comissão de transparência eleitoral”, acrescentou Moraes.
Tradicionalmente, as Forças Armadas são parceiras da Justiça Eleitoral na área de logística. No início de 2022, com os ataques de Bolsonaro ao processo eleitoral, o então presidente do TSE, José Roberto Barroso, convidou as Forças Armadas para atuarem como entidades fiscalizadoras do processo eleitoral. Não deu certo. O grupo foi manipulado pelos golpistas.
Múcio disse agora que atuará como um “instrumento de trabalho” do TSE. Em sua fala, afirmou que a democracia saiu “machucada” da última eleição, em 2022, e que alguns “têm interesse de manter um clima de desavença e desassossego”.
“A nossa grande arma, a qualidade que o povo nos admira, é a forma fraterna que o brasileiro tem de respeitar as diferenças, a opinião alheia, de respeitar resultados. Mas não são as urnas eletrônicas, isso ou aquilo, é apenas um clima de insatisfação que alguns têm interesse em manter”, declarou. “Todos trabalhamos para que voltemos a ter o clima de satisfação e pacífico que tivemos”.