89 militares deram depoimentos na PF nesta quarta-feira (12) sobre os atentados
A Polícia Federal ouviu, nesta quarta-feira (12), o depoimento de 89 militares, incluindo três generais, na investigação sobre os ataques golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília.
O inquérito está apurando a possível participação de militares no atentado e se eles protegeram os terroristas que, ao sair da Praça dos Três Poderes, voltaram para o acampamento em frente ao Quartel General das Forças Armadas.
O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que “interessa a todos a investigação”.
Para que fossem colhidos os depoimentos, a PF escalou 50 delegados e separou os militares em dois grupos, um que foi ouvido durante a manhã e outro que foi ouvido à tarde.
Os generais Gustavo Dutra, Carlos Feitosa Rodrigues e Carlos José Russo Assunção tiveram que prestar depoimento no inquérito.
Dutra era chefe do Comando Militar do Planalto e, por isso, responsável pela área em que os bolsonaristas fizeram acampamento para questionar o resultado das eleições presidenciais.
Sua exoneração do Comando foi publicada no Diário Oficial da União na terça-feira (11). O general Gustavo Dutra agora vai ocupar o cargo de 5º subchefe do Estado-Maior do Exército. A substituição já tinha sido anunciada em fevereiro.
Foi ele quem conversou com Ricardo Cappelli, interventor do governo na Segurança Pública do DF, e defendeu que os acampados fossem presos somente no dia 9 de janeiro.
Em seu depoimento, Dutra alegou que conversou diretamente com Lula, através do celular do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e que o presidente, que estava ao lado de Dias, teria concordado com a sugestão de não desmontar o acampamento no dia 8. Fontes do Planalto contrariam essa versão e dizem que Lula defendia a prisão imediata dos golpistas acampados.
O general Carlos Feitosa foi secretário de segurança do Planalto, enquanto Carlos Assunção foi o “número 2” do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
As investigações estão sendo conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segundo decisão do ministro Alexandre de Moraes.
A decisão não causou ruído entre os militares, uma vez que o próprio presidente do Superior Tribunal Militar (STM), o tenente-brigadeiro do ar, Francisco Joseli Parente Camelo, concorda que “quem define se é crime militar ou não, havendo a dúvida, é o Supremo Tribunal Federal (STF)”.
“Se o militar esteve participando dessa baderna, desse vandalismo que aconteceu nos tribunais, no STF, no Congresso e no Palácio do Planalto, naturalmente esses militares estão cometendo um crime comum. É um crime contra o Poder Público. Pela Justiça Comum, certamente deverão ser condenados”, continuou.
O comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, disse que “qualquer [pessoa], militar ou civil, ninguém está acima da lei”, ao ser questionado sobre possíveis punições a militares pelos atentados do dia 8 de janeiro.