A fala do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, em que ataca os caminhoneiros e desdenha da greve marcada para o próximo dia 1º de novembro, em uma palestra para empresários, revoltou e desafiou a categoria e, ao contrário do que pretendia, pôs mais lenha na paralisação.
No evento na semana passada, Tarcísio diz que o movimento se reduz a “meia dúzia de lideranças”, afirmando que se “meia dúzia de caras pararem”, não terá efeito nenhum sobre o mercado, que a chance de greve é “zero” e acusou a categoria de tentar “chamar greve pela imprensa”, que também foi criticada por ele.
“Eles chamam greve e a imprensa morde a isca. Para a imprensa, quanto pior melhor, porque não gostam do governo”.
“Preço do diesel, você acha que vai baixar com a greve? Lamento, não vai. Se você entra numa greve e não tem nada para pedir e para ganhar (?) só vai ficar uns dias sem trabalhar”, afirmou.
O vídeo foi enviado essa semana para os grupos de comunicação dos caminhoneiros em todo o país pelas lideranças do movimento, com o seguinte texto: “Em meio a tensões entre caminhoneiros e governo, causado principalmente pela alta dos combustíveis, vazou um vídeo do Tarcísio afirmando que o seu principal papel como ministro da infraestrutura é baratear o frete e desarticular a greve”.
Reagindo à outra fala do ministro de que “meu ‘business’ é baixar frete”, o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística Carlos Alberto Litti Dahmer disse que a greve agora “está na mão de cada transportador autônomo dar a resposta”.
“Nós apenas queremos que o presidente Bolsonaro cumpra as promessas que fez à categoria na campanha”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores, Wallace Landim, o Chorão. Para ele, “ninguém tem prazer em fazer greve, mas esse é o último recurso que nos resta”.
No grupo de mensagens da categoria, outra liderança disse que “o Tarcísio vai quebrar a cara”.
“Devia ter visto como foi no dia 7 [de setembro]. Ele não tem o poder sobre os caminhoneiros e, diferentemente do que pensa, as transportadoras acompanharão o movimento e aí quero ver ele desdenhar”.
“O Tarcísio diz que não recebe mais alguns líderes de jeito nenhum. E nem adianta mesmo ele receber, já que ele não tem mais credibilidade com o pessoal da greve, que vai acontecer”, sustentou.