O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, afirmou que a “política do gás” é uma “obsessão” para o governo Lula e propôs à Petrobrás diminuir a reinjeção e conseguir diminuir o preço.
“Sabemos que o gás vem sendo tratado como subproduto da extração de petróleo e, portanto, entendo que é possível que esse gás chegue em maior quantidade, já de imediato em menor preço”, afirmou Silveira.
O ministro de Minas e Energia avalia que há espaço para o preço do gás cair em até 62% para as indústrias. O Ministério está na fase final de elaboração do programa Gás para Empregar, que pretende impulsionar a produção e a estrutura de distribuição do combustível.
Segundo o ministro, “temos que aumentar a oferta de gás na costa brasileira, a capacidade de produção e, para isso, precisamos fazer a nova rota com velocidade” para a distribuição do gás.
Para aumentar a oferta de gás, a Petrobrás teria que diminuir a reinjeção nos campos de petróleo. Silveira destacou que o Brasil reinjeta uma proporção muito maior do gás produzido do que outros países.
“Os Estados Unidos reinjetam 12,5% para impulsionar a produção de petróleo. A África, 23,9%. A Europa, 24,7%. O Brasil, 44,6%. É uma reinjeção, que se não tiver uma explicação, e até agora não conseguiram me explicar, completamente desproporcional”, disse.
“Houve um desdém com a política do gás nos últimos anos. Basta dizer que a rota 3 esta aí para ser terminada há quanto tempo? Nossas UPGNs [Unidade de Tratamento do Gás Natural] estão sucateadas, poderiam produzir mais”, continuou.
Com uma maior produção e infraestrutura para a distribuição, o país pode acelerar sua industrialização e gerar mais empregos, enfatizou o ministro Alexandre Silveira.
Atualmente, o Brasil tem menos metros de gasodutos do que a Argentina.
A opinião do presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, é oposta à de Silveira e diz que o Brasil não tem gás suficiente para os planos de abastecer as indústrias e os domicílios.
“O fato é que a Petrobrás jamais se recusou a tentar aumentar a oferta de gás brasileira. Isso é uma coisa, outra coisa é dizer que tem gás para indústria, termoelétrica, fertilizante, indústria petroquímica e ainda para os mercados que tem gás canalizado, como no Rio de Janeiro e São Paulo, que são dois mercados grandes, quando chega gás natural em sua casa, num fogão. Não tem para tudo isso”, falou Prates.
Alexandre Silveira sublinhou que este “não é um debate entre Jean Paul e o ministro de Minas e Energia. É um debate sobre uma política essencial para o crescimento do país”.
“Entre agradar Jean Paul e cumprir o compromisso do governo com a sociedade brasileira de gerar emprego, oportunidade de [reduzir] desigualdade, prefiro que ele [Prates] feche a cara e que nós possamos lograr êxito”, continuou.
“Não há de se falar em segurança alimentar e segurança energética sem aumentarmos a oferta do gás e, consequentemente, tornarmos o gás mais competitivo do ponto de vista do preço”, reforçou o ministro de Minas e Energia.
Para o presidente Lula, o governo precisa “discutir uma política energética que promova o desenvolvimento, a soberania e a sustentabilidade do Brasil”.
GERAÇÃO DE EMPREGOS
O Ministério de Minas e Energia está elaborando o programa Gás para Empregar, que tem como objetivo impulsionar a industrialização do país a partir da maior produção e distribuição do gás.
Em março, quando o Ministério criou um Grupo de Trabalho para o programa Gás para Empregar, Alexandre Silveira explicou que “uma política bem elaborada e efetiva de aumento do fornecimento de gás natural tem potencial de elevação do emprego, renda e segurança energética e alimentar para a nossa população”.
Isso porque “a garantia de suprimento de gás natural a longo prazo é determinante nas decisões de investimentos em novas plantas industriais de diversos setores intensivos no consumo de gás natural”.