O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, defendeu em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, a realização ainda neste semestre de um “megaleilão” do pré-sal. “Se houver coordenação dos setores do governo, dá tempo de fazer em junho“, disse ao Valor Econômico, na quinta-feira (25). No mesmo dia, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) lançava o pré-edital para a 4ª Rodada de Partilha de Produção no Pré-sal, prevista para 7 de junho. Serão ofertadas um total de cinco áreas: Itaimbezinho, Três Marias, Dois Irmãos, Saturno e Uirapuru, nas bacias de Campos e Santos.
Segundo Coelho Filho, junho é o limite para a realização do leilão antes das eleições, para evitar o risco do dinheiro arrecadado com a entrega do pré-sal só entrar no ano que vem e, dependendo do resultado eleitoral, o próximo presidente reavaliar o assalto ao pré-sal.
Em Davos, Temer prometeu novos leilões ao cartel e reuniu-se com o presidente da Shell. “Ficamos muito contentes com os resultados da segunda e terceira rodadas. Estaremos de olho também nas próximas rodadas“, disse Ben van Beurden.
Na segunda e terceira rodadas de leilão do pré-sal, a anglo-holandesa Shell passou a ser operadora em dois campos na Bacia de Santos: Sul de Gato do Mato (80%) com a francesa Total (20%) e no Entorno de Sapinhoá, no consórcio formado pela Petrobrás (45%), Shell (30%) e a espanhola Repsol Sinopec (25%). As duas rodadas, realizadas em outubro de 2017, marcaram também a entrada da norte-americana ExxonMobil (40%) no Norte de Carcará, na Bacia de Santos, no consórcio com a norueguesa Statoil (40%) e a portuguesa Petrogral (20%).
Em 24 de fevereiro de 2016, com o aval do governo Dilma, o Senado aprovou a proposta de Serra Substitutivo ao PLS 131 apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB/RR) que retirou a obrigatoriedade da Petrobrás de ser a operadora única do Pré-Sal e a participação mínima de 30% nos campos licitados, como garante a Lei 12.351/2010, que instituiu o regime de partilha.
LIBRA
Com o 4ª leilão, Michel Temer acelera a entrega do pré-sal para os estrangeiros, iniciada por Dilma Rousseff com a privatização de Libra, quando o maior campo petrolífero do mundo foi entregue para a Shell e a Total. O assalto não foi maior graças à resistência do povo.
“O leilão do campo de Libra encontrou a sua própria definição: sob ordem da Presidência, foi realizado por trás de tropas do Exército, da Força de Segurança Nacional e com o cerco até de barcos da Marinha de Guerra, com jovens sendo atingidos e feridos por uma catadupa de balas de borracha, com helicópteros atirando-as sobre a multidão e a violência histérica contra, até mesmo, a bandeira nacional. Nenhum apoio do povo, nenhuma manifestação a favor – só algumas declarações de vendilhões sem vergonha, de alguns tolos e de alguns puxa-sacos do patrão. Algo que não se via desde a ditadura – e em seus piores momentos. O resultado demonstrou que a intenção do governo sempre foi a de entregar Libra ao cartel multinacional das petroleiras; segundo, que somente não entregou mais porque o povo, a mobilização em todo o país, não deixou.”(Hora do Povo/Edição 3.197/23 e 24 de outubro de 2013). Depois disso, o Pré-sal começou a ser invadido por multinacionais e hoje virou esse megaleilão de Temer.