
Titular do Ministério do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho terá um mês de descanso a partir desta quarta-feira (5). Enquanto isso, as populações afetadas pelas enchentes padecem em muitas dificuldades
Um dos ministros escalados para apoiar a população afetada pelas fortes chuvas que atingiram os Estados da Bahia e Minas Gerais nas últimas semanas, Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), vai tirar férias de um mês a partir desta quarta-feira (5).
Jair Bolsonaro (PL) assinou o despacho de autorização das férias do titular do Ministério do Desenvolvimento Regional, no período de 5 de janeiro a 3 de fevereiro, publicado no DOU (Diário Oficial da União) na terça-feira (4).
Por meio de nota, o Ministério alega que a ausência de Marinho não vai interferir nos trabalhos da pasta.
“Todo o apoio fornecido às localidades afetadas pelos desastres é articulado no âmbito do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, que é constituído por órgãos e entidades da Administração Pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e por entidades públicas e privadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil, e coordenado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec/MDR). As férias do ministro, portanto, em nada interferem ou modificam os procedimentos e atendimentos aos estados afetados”, está escrito no comunicado.
O ministro do Desenvolvimento Regional tem sido um dos principais articuladores na resposta do governo federal desde meados de dezembro. Ao lado de João Roma, da Cidadania, e de outros ministros, Marinho sobrevoou cidades atingidas pelas enchentes após determinação de Bolsonaro.
No fundo, o governo e o presidente da República estão “pouco de lixando” para esta situação de grande infortúnio das populações afetadas pelas enchentes. Do mesmo modo como não se importou pelas mortes de mais de 600 mil brasileiros e brasileiras por covid-19.
Trata-se, pois, de governo liderado por presidente da República que não tem empatia pelo povo e o sofrimento da população, sobretudo, os mais pobres.
MINISTRO COPIA O CHEFE
Em 29 de dezembro, Bolsonaro usou vídeo de Rogério Marinho com fala irônica a jornalistas para buscar justificar a própria ausência nas áreas afetadas.
Na ocasião, o presidente seguia de folga em Santa Catarina e postava diariamente vídeos de passeios de moto aquática pelo mar. Em meio à tragédia das enchentes Bolsonaro estava curtindo férias.
“O presidente foi à Bahia. Quando ele foi à Bahia, ele foi criticado porque foi à Bahia. Ele mandou os ministros. Foi criticado porque mandou os ministros. Eu acho que se o presidente descobrir a cura do câncer, ele vai ser criticado porque descobriu a cura do câncer”, debochou Marinho no vídeo compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais.
POUCO DINHEIRO PARA ASSISTÊNCIA
Após fortes críticas à omissão e pela interferência de senadores, em 31 de dezembro, o governo federal liberou R$ 700 milhões para a assistência social à população de áreas afetadas pelas fortes chuvas, como na Bahia e em Minas Gerais.
O valor representa apenas 35% do custo total que a Bahia precisa para reconstruir as estruturas destruídas pelas chuvas, segundo o governador baiano Rui Costa (PT).
Além de faltar liderança política nesse momento de grande aflição do povo afetado pelas enchentes, falta também dinheiro, pois o valor liberado é apenas um terço do que o Estado da Bahia, por exemplo, necessita para fazer frente à recuperação das estruturas.
O dinheiro vai ser dividido da seguinte maneira:
- R$ 200 milhões para a distribuição de alimentos a grupos populacionais tradicionais e específicos; e
- R$ 500 milhões para a estruturação da rede de serviços do Sistema Único de Assistência Social.
DINHEIRO FEDERAL CONTINUA CURTO
A Casa Civil da Presidência da República divulgou, terça-feira (4), que o governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional, assegurou o repasse de R$ 130 milhões para ações de resposta e assistência humanitária em municípios baianos.
As chuvas fortes na Bahia deixaram 26 mortos e cerca de 93 mil desabrigados ou desalojados. As pessoas atingidas passam de 715 mil, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia.
M. V.