
“Economia está ávida por crescer. E tem um cidadão no gol que botou uma rede antes do gol para a bola não entrar. Faz sentido isso?”, criticou o ministro Luiz Marinho
Em entrevista à Folha de São Paulo na véspera do Dia do Trabalhador, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, criticou a alta taxa de juros praticada pelo Banco Central (BC) e chamou o presidente do banco de “empata gol”.
Falando sobre as medidas que o governo do presidente Lula vem tentando colocar em prática para “que dê uma ferramenta que ajude os brasileiros e brasileiras a ajustarem suas contas para resolver o problema do endividamento”, Marinho disse que, além de resolver o problema do endividamento, é preciso enfrentar o problema do crédito.
“Precisamos baixar o endividamento e ao mesmo tempo resolver o problema de crédito. Ter crédito o mais barato possível para ajudar a economia a crescer, apesar do empata gol da economia aí, que é o Banco Central”, afirmou.
De acordo com o ministro, “a economia está ávida por crescer. E tem um cidadão no gol [referindo-se ao presidente do BC, Roberto Campos Neto] que botou uma rede antes do gol para a bola não entrar. Faz sentido isso? Esse cara [diz] ‘ah, isso é técnico’. Técnico onde, Banco Central? É política”, acusou.
Luiz Marinho rebate ainda os argumentos defendidos por Campos Neto de que os juros altos são para controlar a inflação.
O ministro admite que quando há inflação descontrolada, a população de baixa renda é a mais prejudicada, mas, segundo ele, essa não é a realidade do país no momento.
“Com a inflação descontrolada, quem mais perde é a baixa renda. Ninguém discute. Agora, quando você utiliza uma ferramenta de combate à inflação para restrição, restringindo a economia, quem mais se prejudica é a baixa renda”.
Para Marinho, “não estamos com um processo de hiperinflação, muito pelo contrário. Esse é o momento de criar condições. Estamos fazendo uma política para adequar o problema do endividamento das pessoas, para elas poderem consumir dentro das suas necessidades. Não é para a farra do boi. É para a economia voltar a funcionar, para gerar emprego”.
E, fazendo coro com as centrais sindicais, os representantes do empresariado e até o presidente Lula, o ministro acusou mais uma vez o presidente do BC de boicotar a economia brasileira, desta vez como “um cara aí botando prego para furar os pneus”, e conclama a sociedade a enfrentá-lo.
“Não dá. A sociedade tem que pressioná-lo, o Senado tem que chamar lá e falar: ‘cara, da mesma forma que nós te colocamos, nós podemos te tirar’. É o Senado que é a autoridade, não é o Lula, não é o governo”, disse.
“O vereador pode perder mandato, deputado, prefeito, governador, o presidente da República. O ministro do Supremo pode perder. O presidente do Banco Central também, porque ele está incorrendo em um grave erro”, afirmou Marinho.
E cobrou do parlamento: “o Senado não está assumindo a sua responsabilidade. Todo mundo tem controle. Ele também tem que ter controle de alguém para avaliar assim: ele está cumprindo a sua regra de autonomia ou ele não está sendo autônomo coisa nenhuma? O Senado pode mais. Já teve início um processo em que o Senado começa a exercer seu papel, ele está sendo chamado a ir lá, dar explicações”, disse.