
“Quem sabe isso deixa o pessoal do Banco Central feliz”, criticou Luiz Marinho ao divulgar dados do Caged
O Brasil criou 148.992 vagas com carteira assinada em maio deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados nesta segunda-feira (30). Apesar do resultado positivo, houve uma desaceleração frente ao mês anterior, quando foram criados 237.377 postos de trabalho – uma queda de 37,2% na comparação mensal.
Em relação a maio de 2024, quando foram geradas 139.557 vagas, o desempenho deste ano apresentou leve crescimento (+6,76%). No acumulado de 2025 até maio, o saldo chega a 1.051.244 empregos formais. Em 2024, foram 1.105.385 no mesmo intervalo de tempo.
Em coletiva à imprensa, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que a geração de empregos “está numa velocidade inferior à do ano passado”. “Quem sabe isso deixa o pessoal do Banco Central feliz”, criticou. Marinho atrela o arrefecimento no mercado de trabalho ao alto nível da taxa de juros básica (Selic), hoje fixada pelo BC em 15% ao ano.
“Nós temos um problema de juros no Brasil, ele é o mais alto entre os países… se não for o mais alto do mundo”, criticou. “É uma coisa que sacrifica muito o investimento. A crença de que pelos juros se interfere nos preços. Tem muitas coisas que a influencia é pela sazonalidade, especialmente, quando se fala de alimentos. Não é o juro que define o preço do alimento, o que define o preço do alimento é se a safra é maior ou menor. Se tem enchente ou seca. Então, você vai aumentar os juros para sacrificar a sociedade e não vai mudar absolutamente nada no preço. Isso não é inteligente”, argumenta o ministro.
Na última ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que elevou a taxa a Selic em 0,25 ponto percentual, de 14,75% para 15% ao ano, o colegiado frisou que o mercado de trabalho tem impulsionado a atividade econômica, apesar da moderação no crescimento.
“A inflexão no mercado de trabalho também é parte dos mecanismos de transmissão da política monetária e deve ficar mais evidente e forte ao longo do tempo, de modo compatível com um cenário de política monetária restritiva”, diz trecho do documento.
SERVIÇOS LIDERAM GERAÇÃO DE EMPREGOS
Em maio, todos os setores da economia marcaram resultados positivos. O setor de Serviços liderou a geração de empregos (+70.139 vagas), seguido por Comércio (+23.258), Indústria (+21.569) – com ênfase na transformação (+16.835) –, Agropecuária (+17.348) e Construção Civil (+16.678).
No ano, os Serviços continuam como o maior empregador (+562.984 postos, +2,44%), enquanto a Indústria se destaca pelo crescimento (+209.685, +2,35%), impulsionada por alimentos, máquinas e veículos.
Em maio, foram observados, ao todo, 42.637 vagas com vínculos atípicos (como intermitentes e aprendizes), enquanto no regime tradicional foram 106.355. Dos 48.251.304 postos de trabalho no país, 5.194.683 podem ser considerados não típicos.
SALÁRIO MÉDIO EM QUEDA
O salário médio de admissão em maio foi de R$ 2.248,71, com redução real de R$ 10,98 ante abril. Já o salário médio de demissão recuou para R$ 2.330,43 em maio, contra R$ 2.362,19 no mês anterior.