
Conclamação foi feita desde Mar-a-Lago. Em Yale, estudantes repudiaram sua presença abjeta
Em visita aos EUA, o ministro da Segurança Nacional israelense Ben-Gvir, mais propriamente o ministro do apartheid e dos pogroms contra palestinos, se autoincriminou pela plataforma X, chamando a “bombardear os depósitos de alimentos e de ajuda em Gaza”, postagem realizada após convescote no Clube Mar-a-Lago de Donald Trump, em Palm Beach, na Flórida, na terça-feira (22).
“Tive a honra e o privilégio de me encontrar com altos funcionários do Partido Republicano na propriedade de Trump em Mar-a-Lago”, disse Ben-Gvir em um post no X. “Eles expressaram apoio à minha posição muito clara sobre como agir em Gaza e que os depósitos de alimentos e ajuda deveriam ser bombardeados”.
Pela lei internacional, é inequivocamente a convocação para um crime de guerra, a exortação a limpar etnicamente os palestinos de Gaza pela fome, depois de já terem massacrado a tiro e bomba mais de 51 mil, na maioria mulheres e crianças.
Gvir alegou que o crime de guerra seria para “criar pressão militar e política para trazer nossos reféns para casa com segurança”. Embora as ruas de Tel Aviv e de Jerusalém sejam testemunhas de que boa parte da própria população israelense não acredita mais que exista, entre os genocidas no poder, qualquer empenho real para trazer os cativos de volta.
Se houvesse, teriam mantido o acordo de cessar-fogo, ao invés de rompê-lo, para massacrar mais palestinos e, na prática, aplicando com seus bombardeios contra os reféns a famigerada “diretiva Hanibal”.
O noticiário não esclareceu se também esteve em discussão a “Riviera sobre Cadáveres” que faria tanto gosto a Gvir, Netanyahu e Trump.
Em janeiro, Ben-Gvir renunciou ao governo de Netanyahu em protesto contra seu acordo de cessar-fogo e libertação de reféns com o Hamas. Ele voltou ao governo depois do retorno ao ataque genocida a Gaza no mês passado.
Na quinta-feira, 300 estudantes – inclusive numerosos judeus – se manifestaram em Yale em repúdio à ultrajante visita do assumido genocida e ele teve de entrar por uma entrada lateral.
Na terça-feira, o bloqueio total israelense de todos os alimentos, água, eletricidade e suprimentos médicos em Gaza atingiu seu 50º dia. De acordo com o escritório de coordenação de ajuda da ONU, é o período mais longo sem suprimentos entrando na Faixa de Gaza desde o início do ataque de Israel em outubro de 2023.
“No momento, é provavelmente a pior situação humanitária já vista durante a guerra em Gaza”, disse o porta-voz da ONU, Jens Laerke, observando que toda a população de Gaza está enfrentando escassez aguda de alimentos, remédios, combustível e água potável.
“A fome está se espalhando e se aprofundando – deliberada e provocada pelo homem”, disse o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, em um comunicado na terça-feira. “Gaza se tornou uma terra de desespero … a ajuda humanitária está sendo usada como moeda de troca e arma de guerra.”
As padarias de Gaza foram forçadas a fechar e todo o sistema de saúde está entrando em colapso em meio à falta de suprimentos médicos. “Dois milhões de pessoas – a maioria mulheres e crianças – estão sofrendo punição coletiva”, disse Lazzarini.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, reiterou a posição do governo de Netanyahu de que “nenhuma ajuda humanitária entrará em Gaza”. A visita de Ben-Gvir ocorre duas semanas após Netanyahu se encontrar com o presidente dos EUA na Casa Branca, onde ele declarou que o governo israelense está “trabalhando” na promessa de Trump de limpar etnicamente Gaza.
No mês passado, o Financial Times e o Haaretz informaram que os militares israelenses elaboraram um plano para ocupar totalmente a Faixa de Gaza, deslocar internamente a população restante e fornecer apenas a “quantidade calórica mínima necessária para a sobrevivência”. Um mês atrás, o gabinete de segurança israelense votou formalmente para estabelecer um escritório dedicado a supervisionar a limpeza étnica de Gaza.
“EU SOU SEU PROPRIETÁRIO”
Em 2007, Ben-Gvir foi condenado por um tribunal israelense por incitamento racista e apoio a grupos em listas negras de terrorismo. Em 13 de outubro de 2022, no bairro Sheikh Jarrah de Jerusalém Oriental, Ben-Gvir participou dos confrontos entre colonos judeus israelenses e moradores palestinos locais, brandindo uma arma, mandando a polícia disparar nos palestinos que jogavam pedras no local, e gritando para eles: “Nós somos os proprietários aqui, lembre-se disso, eu sou seu proprietário”.
Uma longa carreira de crimes e fascismo. Em 1995, poucas semanas antes do assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, que assinara os Acordos de Oslo, Ben-Gvir chamou a atenção do público pela primeira vez ao aparecer na televisão brandindo um emblema de Cadillac que havia sido roubado do carro de Rabin e declarar: “Chegamos ao seu carro, e vamos chegar até ele também.”
Discípulo de Kahane, Ben-Gvir era conhecido, também, por ter um retrato em sua sala de estar do terrorista israelense-americano Baruch Goldstein, que em 1994 massacrou 29 fiéis muçulmanos palestinos e feriu outros 125 em Hebron, no que ficou conhecido como o massacre da Caverna dos Patriarcas.
O Haaretz descreveu a lista de clientes da advocacia de Ben-Gvir como “um ‘Quem é quem’ de suspeitos em casos de terror judaico e crimes de ódio em Israel”. Ele é também é advogado da Lehava, uma organização de extrema-direita que se opõe ao casamento entre judeus e não-judeus.
“Apressar genocídio”? Quem foi o tosco que escreveu esse artigo?
Realmente, mais correto seria “consumar” o genocídio. Mas você gostaria ainda menos, não é? Infelizmente, não podemos fazer nada, quando a questão é a verdade, ou seja, aquilo que corresponde à realidade.