O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou o ministro Sérgio Moro, afirmando que o titular da Pasta da Justiça e Segurança Pública da gestão Bolsonaro não é vocacionado para a magistratura.
Ele ironizou as mensagens trocadas pelo então juiz federal e o procurador da República, Deltan Dallagnol, divulgadas pelo site The Intercept. “Não tenho nada a esconder e não mantenho diálogos fora do processo com as partes”, declarou o ministro ao ser questionado se temia ser alvo de hackeamento.
Desde domingo (9), o site Intercept tem apresentado conversas antigas entre Moro, que foi relator dos processos da Lava Jato na 13ª Vara Federal do Paraná, antes de se tornar ministro, e Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação.
O ministro do Supremo disse que a revelação de conversas do então juiz com membros da Lava Jato “enxovalharam” o perfil de Sérgio Moro. “Antes desse problema todo, que enxovalhou o perfil dele, eu disse lá atrás que ele não era vocacionado ao cargo de juiz. Mantenho [a convicção]”, frisou.
Marco Aurélio assinalou que Moro “virou as costas à cadeira” de juiz, referindo-se ao momento em que ele pediu demissão do cargo para assumir o Ministério da Justiça. “Se fosse de família muito rica, eu admitiria que ele deixasse a cadeira para ter o ócio com dignidade, mas não é”, afirmou.
O ministro do STF disse ainda não antever as repercussões do vazamento nos processos envolvendo o ex-presidente Lula. “Não sei a consequência, porque o fato consumado no Brasil, e me refiro à condenação que já existe, tem uma força muito grande”, observou.