Durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (09) um manifestante se dirigiu à mesa onde se encontrava o Ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e entregou a ele uma estatueta com seu nome gravado. Era o prêmio “O Exterminador do Futuro”.
“Ministro, eu queria fazer uma entrega para você. Esse prêmio é o “Prêmio Exterminador do Futuro” para o ministro Salles”, afirmou o cidadão, um jovem de camisa branca e gravata.
Na estatueta, era possível ver um homem de terno segurando uma placa sobre o toco de uma árvore derrubada; na base, constava o nome do ministro Ricardo Salles. Não havia dúvida que ele era o escolhido para receber o prêmio.
Salles já é um conhecido destruidor do meio ambiente, antes mesmo de se tornar ministro do governo Bolsonaro.
Ele foi processado por crime ambiental em São Paulo, quando ocupou a pasta do Meio Ambiente no estado. Sua folha corrida foi decisiva para que Bolsonaro o convidasse para o cargo de ministro de seu governo.
No processo, que corre na 3ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, Salles foi condenado por improbidade administrativa. Em sua decisão, o juiz José Martins Seabra impôs a suspensão dos direitos políticos de Salles por três anos e pagamento de multa civil em valor equivalente a dez vezes a remuneração mensal recebida no cargo de secretário.
O Ministério Público acusou o então secretário de fraude na elaboração do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental Várzea do Rio Tietê, durante o período em que foi secretário do Meio Ambiente em São Paulo, entre 2016 e 2017.
O hoje funcionário de Jair Messias participou da fraude para beneficiar alguns empresários. Segundo investigações, além dos mapas do plano, os réus alteraram a minuta do decreto do plano de manejo e perseguiam funcionários da Fundação Florestal. Segundo o magistrado, com o intuito de “beneficiar setores empresariais, em especial empresas de mineração”, Salles violou os princípios constitucionais administrativos da “legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade”.
O então secretário recorreu da sentença e o processo andou. Exatamente por conta da tramitação deste recurso, o procurador de Justiça de São Paulo, Ricardo Dias Leme, se manifestou na quarta-feira (09) a favor da quebra de sigilo bancário e fiscal de Ricardo Salles. A decisão refere-se ao inquérito civil que apura fraudes e enriquecimento ilícito.
Dias Leme é responsável pelo processo em que Salles, enquanto secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, foi sentenciado sob a acusação de favorecer empresas de mineração em 2016, ao acolher mudanças feitas nos mapas de zoneamento do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê.
Foi por esse seu vigoroso currículo de fraudador de mapas, de picareta contumaz que, segundo o juiz Ricardo Dias Leme, enriqueceu indevidamente desviando recursos públicos, e de destruidor voraz do meio ambiente, que Ricardo Salles foi escolhido a dedo por Jair Bolsonaro.
Ele foi colocado no cargo para “agilizar” os desmatamentos e as queimadas na Amazônia e em outras regiões. Outra função do ministro é ampliar o garimpo ilegal nas terras indígenas. Ele vem cumprindo sua missão com afinco e denodo. Por isso, o prêmio Exterminador do Futuro, ofertado a ele na quarta-feira, é, inquestionavelmente, um prêmio totalmente merecido.