Seis ministros do governo Hugo Chávez lançaram um manifesto “para abrir caminho a uma nova Venezuela” com base no “diálogo” que leve a uma “concertação nacional” e um “acordo democrático”.
Eles rejeitam o desastre a que o governo vigente, de Nicolás Maduro, conduz o país bem como as tramas, através das quais, as “elites econômicas, políticas, militares ou estrangeiras, pretendam usurpar a soberania popular”.
No documento, lançado no dia 27, os ministros de Chávez, Jorge Giordani (Planejamento), Oly Millán (Economia), Rodrigo Cabezas (Finanças), Ana Elisa Osorio (Meio Ambiente), Gustavo Márquez (Comércio) e Héctor Navarro (Educação), conclamam os venezuelanos a exigirem um novo processo de eleições gerais.
Chamam “os atores em pugna, a construir uma rota caracterizada por um acordo de Pátria, um acordo com visão de futuro, um acordo responsável, que preveja a renúncia de absolutamente todos os poderes, de forma ordenada e frente ao povo, com o objetivo de chamar, em tempo peremptório, um novo processo geral de eleições”.
Advertem que a continuar esta situação, “a crise nos conduzirá inexoravelmente a uma guerra civil com participação internacional, a instalação direta do fascismo, com tudo o que isso implica para as gerações presentes e futuras de venezuelanos, ou a instalação, a partir de composições espúrias, de um governo que não represente os interesses dos venezuelanos”. Publicamos a seguir a íntegra do documento:
É urgente o diálogo, a concertação e o acordo democrático para evitar a violência e a morte na Venezuela
Pronunciamento dos ministros de Hugo Chávez
À grave crise econômica e social que lacera a vida de milhões de venezuelanos, particularmente os trabalhadores, se soma a crise política de legitimidade que confronta o Poder Executivo e o Judiciário à Assembleia Nacional.
Crise esta que tem escalado a tais níveis que nos põem à beira da violência, do ódio, morte e intervenção militar estrangeira como saída à confrontação política. O que está em jogo é a existência da República.
A solução para esta devastadora crise econômica, social e política deve ser resolvida pelos venezuelanos, razão pela qual é inaceitável que elites econômicas, políticas, militares ou estrangeiras, pretendam usurpar a soberania popular (art. 5) que, como diz nossa Constituição vigente, reside intransferivelmente no povo que é quem poderá, mediante referendo consultivo (Art. 71) de caráter vinculante, tomar decisões quando se trate de matéria de especial interesse nacional, como é obviamente a que nos preocupa neste momento, dada a escalada da crise política expressada, entre outros aspectos, no confronto de dois poderes que ameaça perigosamente destruir o Estado – Nação.
É por isso que, com muita firmeza e convicção, exortamos os atores em pugna, a construir uma rota caracterizada por um acordo de Pátria, um acordo com visão de futuro, um acordo responsável, que preveja a renúncia de absolutamente todos os poderes, de forma ordenada e frente ao povo, com o objetivo de chamar, em tempo peremptório, a um novo processo geral de eleições que relegitime todos os poderes, para adiantar um plano que atenda à emergência humanitária e abra o caminho a uma nova Venezuela. Trata-se, em definitivo, de pôr as decisões em mãos do soberano, como reza nossa Constituição.
Do contrário, a deriva da crise nos conduzirá inexoravelmente a uma guerra civil com participação internacional, à instalação direta do fascismo, com tudo o que isso implica para as gerações presentes e futuras de venezuelanos, ou à instalação, a partir de composições espúrias, de um governo que não represente os interesses dos venezuelanos.
Há que restabelecer nossa democrática Constituição da República Bolivariana da Venezuela e reconhecer o povo em seu legítimo direito, como soberano que é, de tomar a decisão de expressar-se na contenda eleitoral sobre se quer que se relegitimem ou não, todos os poderes públicos da nação.
É um direito político que não se pode cercear aos venezuelanos, e é o único caminho para garantir a paz e trabalhar para superar a grave depressão econômica e a hiperinflação com as quais sofremos todos.
Quem realmente ama a Pátria venezuelana não pode apostar na guerra civil e no sofrimento que isso significaria: Que o povo decida em eleição.
Caracas, 27 de janeiro de 2019
Ana Elisa Osório, Gustavo Márquez, Héctor Navarro, Jorge Giordani, Oly Millán e Rodrigo Cabezas